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10 anos do Santos tricampeão

10 x 10 do Santos de Neymar e Pelé campeão da Libertadores

Ele
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Por Mauro Beting

Os últimos foram os primeiros campeões da América.

Na mesma noite de 14 de abril de 1912 era fundado o Santos F.C. e afundava o RMS Titanic, da companhia marítima White Star. “Estrela branca”. Empresa que pensou grande e administrou com enorme irresponsabilidade a única viagem do “insubmersível” que afundou no primeiro iceberg.

O Titanic que morreu em 1912 é metafóra da presunção do Homem. O Santos que nasceu no mesmo dia é exemplo de que é possível conquistar o planeta sem perder a raiz. O clube nasceu para subir a serra, conquistar o mar (e até explorar o espaço com o E.T. Pelé), e tomar e tornar o planeta como se fosse uma rua estreita próxima à Vila Belmiro. Por vezes o clube se perde num provincianismo tacanho, esquecendo que o mar e o Leão dele não podem ficar confinados. O Santos é maior que Santos. Foi o maior da melhor época do futebol brasileiro e mundial – e não apenas por Pelé, pelo amor de Pelé!

O Santos não é só dos santistas. É de quem lotou o Maracanã para vê-lo bi mundial. É de quem encheu o Pacaembu para desmontar, como em 1962, os carboneros do Peñarol. A terceira estrela santista brilhou no Pacaembu branco como se fosse a Vila Belmiro de tantos Santos campeões. De tantos meninos de areia.

Do Neymar do primeiro golaço, do Danilo-22 do segundo, aos 22 minutos do 22 de junho, que dobrou o 11 do Neymar (que jogou por todos, e por mais alguns companheiros limitados), e fez a mais que merecida festa de um time que criou 17 chances de gol e fez duas (concedendo apenas quatro ao Peñarol também vencido em 1962). Que superou um início ruim, um planejamento de diretoria torto, venceu as lesões, e ganhou um torneio que os rivais foram tombando, e o Santos foi levando.

Está no estatuto do clube o gosto pelo gol, o apreço pelo apuro sem preço. O Santos virou reverente referência. Patrimônio que ficou por mau tempo tombado, mas que se reinventou e se renovou com os Meninos da Vila Reloaded.

Um time que mostrou que para ganhar Libertadores não precisa bater na canela alheia mais que na bola. Um clube que sabe que não é preciso só grana e gana para vencer na grama e na lama sul-americana.

Um time de Neymar. Que aos 36, ao deixar o pé por sobre a bola que González sempre insistiu ignorar e apenas acertar o craque santista, mostrou naquele lance violento que não era mais menino. Era homem. Um sujeito que infelizmente é necessário desde que a bola é redonda. Desde que o Santos é campeão.

Naquela noite de abril de 1912, o sonho de três rapazes que fundaram o clube era real. Mas eu duvido, com toda a razão e emoção, que eles imaginavam o que seu Santos faria. Tenho a certeza que colossos do futebol mundial nasceram sabendo que poderiam conquistar o mundo como Titanics da bola. Mas ninguém foi mais longe que o time de Mário, Argemiro e Raymundo, os fundadores. O time de Neymar, Ganso e Muricy, os reconquistadores da América.

Sim, são todos viúvas de Pelé. E parceiros de Neymar & Ganso, de Robinho & Diego, de Juary e Pita, de outras parcerias que não foram varridas pelo vento e nem pela poeira. Estão lá no vaivém da vida, nas ondas da praia da Vila. Um clube que não precisaria de Pelé para ser quase tudo isso. Uma equipe que foi muitas vezes montada por filhos da terra e das areias vizinhas. Um clube que soube comprar pelo Brasil e pela América craques que fizeram o mundo cheio de gols e de outros Santos. Mas só um Santos Futebol Clube. Só um time de anjos. Só um

clube que honrou todos os Santos e todo o futebol brasileiro e mundial.

O time do Pelé do futebol, o próprio Pelé. O clube que mais gols fez no futebol. O único com duas sedes. O maior campeão de uma cidade que não é capital nem da província. O primeiro clube paulista a marcar 100 gols (em apenas 16 jogos), em 1927. O primeiro brasileiro campeão da América. O primeiro bi. O segundo tri.

O único Santos.

Dez anos hoje daquela noite no Pacaembu onde Pelé e Neymar se abraçaram na conquista.

10 x 10 daria 100. A gente sabe que dá muito mais. Além de saudade.

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