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10 dos 100 do 01 - Rogério Cem

Dez anos do centésimo gol do M1TO do São Paulo

O centésimo de Ceni
O centésimo de Ceni

Por Mauro Beting

Há exatos 10 anos. E bota exatos 25 anos de Rogério Ceni desde que chegou para morar no Morumbi até pendurar não só as luvas como maior ídolo são-paulino. Também as chuteiras que fizeram dele o maior artilheiro entre os goleiros do planeta desde sempre.

Eram 17h18, em Barueri, em 27 de março de 2011.

8min34s do segundo tempo, na Arena, pelo SP-11. Um minuto e 14 segundos depois de o atacante Fernandinho ter cavado a falta num lance com o volante corintiano Ralf.

Segundos depois de Rogério Ceni ter deixado a meta tricolor olhando para o chão o caminho todo. Para bater sua primeira falta no Majestoso então equilibradíssimo.

O craque-bandeira tricolor bateu a bola por sobre Chicão e Castán e outros três corintianos na barreira. Superando os milhões de alvinegros que subiram e tentaram evitar o que vinha sendo quase inevitável então por 14 anos (e seria até 2015): um dos 56 gols de falta de Rogério Ceni.

O centésimo.

Desde 2007 o São Paulo não vencia o Corinthians como terminou ganhando por 2 a 1.

Desde 1863 o futebol não tinha um artilheiro centenário de luvas.

O gol que definiu o clássico que acabou com o tabu de 11 Majestosos e o M1TO olhando para cima depois da blitz final corintiana. Agradecendo aos céus o lugar que é dele no panteão tricolor.

Júlio César ainda tocou na bola que o goleiro de Pato Branco guardou no ângulo esquerdo e no mesmo lado do peito são-paulino. Rogério arrancou a camisa dourada na celebração em que foi sufocado pelos companheiros. Embaixo dela, uma toda negra. Como a de King, Poy, Picasso, Valdir Peres, Zetti e outros goleiros históricos do São Paulo.

Mas nenhum, no clube, e no mundo, como Rogério.

Há 10 anos ele marcou esse centésimo que parecia o milésimo. E foi mesmo único.

Ainda mais contra que rival. Derrubando o tabu não só pelo gol. Ainda fez uma defesa sensacional no reinício de jogo em Barueri, e outra com os pés, ao final dele. Não foi só o goleiro-artilheiro. Foi o goleiro-goleiro. Foi Ceni.

Cem!

Logo depois de completar 20 anos no Morumbi onde chegou em setembro de 1990. Quatorze deles então fazendo 100 gols. Desses, 73 pontos diretos foram conquistados nessas 56 faltas e 44 pênaltis. Quando Rogério fez gol, então, apenas três vezes o São Paulo perdeu o jogo.

Campeão de quase tudo. E isso irrita quem não é e quem não o tem para defender a própria meta.

“Meta” que é a palavra para definir o craque. Profissional que parecia bater um tiro de meta já com o objetivo definido. Determinado. É daqueles que treinam até faltar luz no CCT. E por isso acaba sendo tão iluminado quando é necessário. Quando é preciso como Rogério na meta são-paulina. E isso irrita quem não se compromete como ele.

Ele não dá bola. Porque Ceni não a larga. No banco de 1993 a 1996, titular desde 1997 (e seria até 2015), Rogério exige tanto que chega a irritar. E a se irritar. Cobra porque se cobra mais que tudo e que todos. E isso irrita.

É perfeccionista. Mas não é perfeito. Como algumas saídas de meta que aprendeu com o ídolo Navarro Montoya; como as adiantadas nos pênaltis; como a fome de jogar de qualquer jeito; como algumas cobranças no elenco exageradas; como o vai-não-sai para o Arsenal, em 2001; como algumas poucas falhas em momentos decisivos que acontecem com todos os mortais. Por mais imortal que ele seja no Morumbi. E isso também irrita.

Parte da empáfia assumida e juramentada e juvenalizada são-paulina passa pelo capitão, líder e exemplo. Mas repare em cada linha bem pensada, articulada e falada por Rogério. Na derrota (que não foi muita), na vitória (que foi tanta em 25 anos), ele está sempre lá para defender o São Paulo. Pode perder a linha. Mas jamais a segurança que passa à família são-paulina e à família Ceni. Neste mundo escancarado e escandalizado, Rogério preserva e se preserva com categoria. Não se perde na noite e ganha o dia. E isso irrita.

Porque ele é diferente. Não apenas por fazer defesas como poucos na história do clube, não apenas por fazer gols como ninguém na história do futebol. Rogério é tão são-paulino que tem o compromisso com o São Paulo. Só. De ser feliz e amado pelos tricolores. Só. E não faz questão de ser o ídolo que merecia ser de todos os torcedores. E isso irrita.

Como devem se irritar os não-são-paulinos que não puderam ver o Liverpool campeão do mundo porque Rogério (artilheiro do clube em 2005!) segurou todas as bolas do massacre no Japão. E isso irrita.

Talvez Rogério não seja mais goleiro que outros craques tricolores. Talvez não seja o maior craque entre tantos gênios são-paulinos. Talvez outros raros tricolores tenham sido tão são-paulinos quanto ele.

Mas não há ídolo como Rogério Ceni. Como diz com muita razão e imensa paixão o são-paulino, outros times têm um goleiro. Só o São Paulo tem Rogério Ceni.

E isso não se imita.

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