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10/6/1970 - Brasil 3 x 2 Romênia

O melhor tempo do Brasil até então na Copa foram os primeiros 25 minutos. Mas caiu de produção na segunda etapa. Ainda assim mereceu a vitória pelas 15 chances contra 8 romenas.

Brasil que venceu a Romênia
Brasil que venceu a Romênia

Por Mauro Beting

JALISCO, GUADALAJARA

10 de junho de 1970. 16h.

Terceiro jogo do Brasil na Copa de 1970.

50.804 pagantes.

Brasil no 4-2-3-1 que pode ser entendido como 4-3-3 contra a Romênia no 4-4-2 bastante dinâmico.

Carlos Alberto perdeu o toss e teve de trocar de lado. Subiu um balão com a bandeira do Brasil e se enroscou na marquise do Jalisco. Rivellino, com tornozelo esquerdo lesionado, foi poupado para o mata das quartas-de-final (que o Brasil só não chegaria se perdesse feio). Ele só tinha 90% de chances de jogar por causa do tornozelo inchado. Gérson também foi poupado pela lesão muscular na coxa direita.

COMEÇOU- Fontana na zaga no lugar de Piazza. Paulo César mantido no time, mas dessa vez mais aberto pela esquerda, com dois volantes no meio: Piazza e Clodoaldo (ainda sem Gérson), contra um bom time como a Romênia, que fazia boa campanha: perdeu na estreia para a ótima Inglaterra campeã do mundo de 1966 por 1 a 0, e ganhou da decepcionante Tchecoslováquia de virada por 2 a 1.

1x0 de chance de gol para o Brasil – 2min - bela tabela de todo o ataque, Pelé rola pra Paulo César pela esquerda, ele corta por dentro e manda a bomba de direita. Goleiro Adamache pega e larga.

2x0 de chances para o Brasil – 3min. Clodoaldo sai mais para o jogo, quase fazendo a de Gérson. Piazza faz função mais defensiva, pelo lado esquerdo. Corró avança mais e manda a bomba da entrada da área por cima. Começa muito bem o Brasil.

3min – Outra bela tabela entre Jair (caindo por dentro), Tostão e Pelé.

4min – Pelé recebe a bola pelo chão, e dá um chapéu de costas no marcador. Jalisco vem abaixo.

3x0 – 5min – Everaldo recebe de PC e manda o sapato de pé direito, de fora da área, raspando a trave direita romena. Brasil joga bem e bonito com muita intensidade, com a bola sempre no chão. Inclusive no escanteio, quase sempre curto.

6min – Clodoaldo avança por dentro, dribla dois e é agarrado. Um timaço. Com muita condução de bola, mas também boa troca de passes. Pelé bateu forte e torto. Desta vez...

4x0 – 8min – Paulo César Caju começa bem como todo o Brasil. Também porque bem aberto como um ponta pela esquerda. Ganha todos os lances dom bom lateral Satmareanu e vai bem ao fundo. Nesse lance voa até quase a bola sair pela linha, e cruza de canhota sem ângulo para a área a bola que vai fechada e explode no travessão.

9min – Tostão também faz ótima partida. Sai muito da área e abre espaço para Pelé. Além de cair mais pelo lado esquerdo, dando opção a Paulo César, e abrindo outra brecha não só para Pelé se infiltrar, também Clodoaldo, que parece ter uns 10 sósias em campo.

5x0 – 9min – Mais uma na trave. Mais um tiro longo de pé direito de Everaldo. Desta vez na trave esquerda de Adamache. Avassaladora pressão brasileira.

11min – Jair tentou o lance anterior como se fosse centroavante. Agora recebeu pela ponta-esquerda, deu um balãozinho e foi derrubado. Ele não para. E joga demais.

12min – Romênia tenta atacar, mas Fontana rechaça bem posicionado e toca a Carlos Alberto. Ainda na entrada da área brasileira, faz lançamento espetacular na ponta-direita para Jairzinho, o único brasileiro no campo de ataque. O Brasil estava se fechando mais e melhor e tinha alternativas táticas. Quando necessário, espetava uma bola na frente. Alternava a saída tocando a bola com a ligação direta. Ambas com muita velocidade e técnica.

15min – Clodoaldo arranca de novo de modo sensacional, driblando dois rivais pelo meio, encontra Jair que passa na área para Paulo César quase marcar como centroavante. Intensa movimentação da Seleção que não sente as ausências de Gérson e Rivellino.

16min – Primeiro escanteio que o Brasil levantou na área. Também porque foi o primeiro pela esquerda, onde ninguém se aproximou de PC. ESCANTEIO CURTO NÃO É CRIME.

6x0 – 16min – Clodoaldo, de novo. Parte por dentro, Tostão faz a parede, e ele bate de primeira à direita de Adamache, com o desvio cedendo escanteio. Na cobrança, PC rolou ao volante que passou por dois e desta vez chutou forte, mas distante, por cima.

17min – Clodoaldo passa lindo pelo adversário, arranca por dentro, toca a Pelé. De primeira toca pra Tostão pela meia-esquerda. O belo passe chega a Pelé que passa por dois, mas é derrubado na entrada da área. Grande lance brasileiro. Já merecia mais sorte.

18min – Tostão bate de canhota por cima da barreira. Pelé se preparava para mandar a bomba. Mas o árbitro manda repetir a cobrança. Barreira estava muito próxima da bola.

GOL. 18min. BRASIL 1 X 0 ROMÊNIA. ELÉ. PÉ DIREITO. FALTA. FORA DA ÁREA. 7x0 Brasil em chances. Agora deu tudo certo. E de novo com o lance bem treinado e executado. Jairzinho e PC no lado direito da barreira. Pelé mandou a bomba onde estava PC que saiu da barreira, depois de Tostão chamar a atenção da barreira passando por sobre a bola. Adamache nem foi pra bola. Justo. Justíssimo.

20min – Tostão é o brasileiro mais avançado. Agora ele está cinco metros atrás do grande círculo brasileiro. A equipe de Zagallo tinha aprendido a se fechar em pouco mais de um mês de trabalhos. Uma das grandes sacadas táticas do novo treinador.

GOL. 21min. BRASIL 2 X 0 ROMÊNIA. JAIRZINHO. PÉ DIREITO. PEQUENA ÁREA. 2 X 0 BRASIL. 8 x 0 em chances. Jairzinho pela segunda vez saiu da direita para armar por dentro o lançar para PC passar por Satmareanu e bater cruzado para o Furacão se antecipar e ampliar. Justo. E se fosse mais no placar não seria nenhum absurdo. Quarto gol de Jair, naquele momento coartilheiro da Copa ao lado do alemão Gerd Muller.

1x8 primeira chance romena – 22min – Brito bobeia feio no belo lançamento do ótimo armador Numweiller. A estrela romena Dumitrache toca por cobertura na saída de Félix e perde boa chance. Até então, irrepreensível partida de Brito e Fontana.

28min – Brasil, com inteligência e mérito, tira o pé do acelerador. Clodoaldo leva uma pancada que hoje seria cartão amarelo para Numweiller. Árbitro nada marca.

28min – TROCA ROMÊNIA – Raducanu substitui o goleiro lesionado Adamache, no lance do gol de Jairzinho.

30min – O bom ponta Dembrovischi faz bom lance e bate da entrada da área. Primeira defesa mais complicada de Félix.

31min – Até Tostão dando combate muito atrás. Brasil exagera ao “largar” o jogo. Por sorte, Neagu fura bisonhamente bola que sobrara na área brasileira.

GOL. ROMÊNIA. 33min. ROMÊNIA 1 x 2 BRASIL. DUMITRACHE. PÉ ESQUERDO. DENTRO DA ÁREA. Lassidão brasileira facilitou o gol romeno. Dembrovschi cruzou da direta, Brito e Fontana desta vez bateram cabeça, e no bate-rebate, o centroavante romeno enfim apareceu. 8 x 2 em chances de gol para a Seleção.

36min – O ótimo zagueiro Dinu pega feio Pelé por trás, rente à linha lateral. Outra falta para amarelo. Mas, à época, e por alguns anos depois, os amarelos não eram mostrados com muito rigor. Pelé sente muito o tornozelo direito. Mas se levanta rapidamente. É preciso ter sorte. Em outros momentos o Brasil teria perdido seu rei nesse lance tolo e violento.

3x8 – 37min – Lucescu entra de carrinho, mas Brito salva na dividida com Félix. Brasil baixou muito a guarda defensiva. Clodoaldo e Piazza dando o espaço que não davam.

9x3 – 39min – Mais um bolão em um balão de Clodoaldo para Jairzinho espetado. Raducanu saiu trombando com o ponteiro do Botafogo. Ele sente muito a trombada.

10x3 – 40min – Tostão avança pela esquerda e bate de fora da área a bola que passa perto. Grande arrancada de Pelé que passou por dois. A ponta-esquerda, que ficou esquecida no início do trabalho de Zagallo, agora tinha PC e Tostão como ótimas opções por ali na ausência do poupado Rivellino.

43min - “Isso é caso de algema”, gritou Mário Vianna, na transmissão de Jorge Curi na Rádio Nacional. Depois de mais um lindo lance de Pelé, arrancando como se fosse na Copa de 1958, ele recebeu uma tesoura por trás no tornozelo de Dumitru. Por sorte não pegou. Mas era para vermelho.

ACABOU - O melhor tempo da Seleção na Copa. Ao menos até 25 minutos.

PLACAR VIRTUAL 1º tempo – BRASIL 10 X 3

NOTAS – BRASIL 9 x 5 ROMÊNIA

COMEÇOU – Romênia segue batendo muito. E Clodoaldo segue jogando demais e não deixando os rivais jogarem. Num desarme, aos 4 minutos, sobrou para Clodô.

1x0 chances para o Brasil na segunda etapa – 7min – Pelé bate por cobertura falta para boa defesa de Raducanu, numa ponte sem largar a bola. Antijogo romeno quase punido mais uma vez.

10min – Seleção desde os 8min sem Everaldo, que se lesionou numa disputa de bola com Neagu. Marco Antonio no aquecimento. Também por isso cresce a Romênia que quase chega com perigo depois de saída bisonha de Félix da meta.

TROCA BRASIL – 11min – MARCO ANTONIO X EVERALDO, por lesão. Brasil fica mais forte no ataque, mas mais vulnerável atrás. Na teoria.

12min – Clodoaldo escapa por três e é desarmado apenas dentro da área. Que jogador. E tinha apenas 20 anos!

16min – Lance de gol bem anulado de Pelé. Ele empurra o zagueiro depois de belo passe por elevação de Tostão.

GOL! BRASIL 3 X 1 ROMÊNIA. PELÉ. 20min. PÉ DIREITO. PEQUENA ÁREA. Mais um escanteio curto, Carlos Alberto tocou curto para Jair cruzar no primeiro pau para um brilhante taquito de Tostão para o Rei aproveitar de carrinho. Escanteio havia sido conquistado depois de mais um bom lance de Tostão pela direita. Se o ritmo já não era o mesmo dos excelentes 25 minutos iniciais da primeira etapa, a movimentação e técnica faziam a diferença para o time de Zagallo. 2 x 0 chances de gol para o Brasil na segunda etapa.

1x2 – 21min – Dembrovschi aproveita falha de Fontana e manda raspando a trave esquerda de Félix. Zaga tinha falhas pontuais que comprometiam o conjunto.

23min – Clodoaldo pregou. Normal. E estava sentindo alguma lesão. E com isso o Brasil perde fluência no ataque e no contragolpe, ainda mais agora que a equipe recua com a vantagem relativamente confortável.

TROCA ROMÊNIA – TATARU X DUMITRACHE – 26min - O craque do time fez partida pálida, apesar do gol. Tataru entra aberto pela direita.

TROCA BRASIL – EDU X CLODOALDO – 28min - O melhor em campo não conseguiu continuar. Zagallo apostou no ataque. Piazza fica como volante mais centralizado. Paulo César vai pra meia-direita. Pelé recua um pouco mais no 4-3-3 pela esquerda. Jair segue aberto pela direita, Tostão mais centralizado e rodando menos, e Edu na dele, aberto pela esquerda.

29min – Pelé dá um carrinho notável e rouba a bola como se fosse um volante. Desarme espetacular. E exemplar. Pelé querendo ainda ser mais Pelé.

2x2 – 29min – Tataru mais cruza que chuta. Mas Félix faz ótima defesa com o apurado tempo de resposta que tinha, aliado à grande agilidade.

2x3 Romênia – 30min – Tataru agora quer chutar e manda à esquerda de Félix.

31min – Paulo César virou meia pela direita, passou por três e foi derrubado na entrada da área. Ótima partida do Caju.

32min – Jairzinho segue insaciável. Passa por dois e é derrubado e depois pisado no gramado por Mocanum que subiu no braço direito do atacante. Arbitragem nada faz. Era para ser expulso. Levou só o amarelo

3x3 – 33min – Carlos Alberto bate a falta forte direto. Goleiro manda a escanteio.

4x3 – 34min – Carlos Alberto vai ao fundo de novo, sem ângulo, e quase faz. Raducanu manda a escanteio.

37min – Mesmo apanhando do lateral Mocanu, Jair não se acanha. Dá um come nele rente à linha lateral, e outra caneta espetacular. Joga muito e não teme a porradaria.

GOL. BRASIL 2 X 3 ROMÊNIA. 38min. DEMBROVSCHI. CABEÇA. PEQUENA ÁREA. Bom lance romeno em cima de Marco Antonio. Tataru entrou bem pelo lado direito, com Dembrovschi atuando por dentro. Assim a bola foi cruzada por Satmareanu, Félix saiu mal da meta, ninguém acompanhou o camisa sete que diminuiu. 4 x 4 em chances na segunda etapa mais equilibrada.

4 x 5 – 42min – Tataru de novo cruza mal. Ou queria isso mesmo? Félix se esforça e manda a escanteio. Pressão romena. Brasil sofre como nunca naquele jogo. Ou como sofreu na partida anterior contra a Inglaterra. Seleção não consegue segurar a bola.

5 x 5 – 43min – belíssimo lance da Seleção. O incansável Jairzinho arma por dentro um passe espetacular por trás da zaga para Pelé livre como um garoto pela direta. O Rei toca para Tostão só não marcar pela grande defesa de Raducanu.

FIM DE JOGO – Os melhores 25 minutos do Brasil na Copa até então. Mas um desgaste natural no final. 3 a 2 foi pouco pelo que foi a primeira etapa. Mas mais justo pela boa segunda etapa romena.

PLACAR VIRTUAL SEGUNDO TEMPO – 5 X 5.

PLACAR VIRTUAL TOTAL: BRASIL 15 X 8.

NOTAS BRASIL – (8), atuando no 4-2-3-1 e muitas vezes também no 4-2-4. 4-3-3 no final.

FÉLIX (6) – Poucas defesas, e poderia ter feito coisa melhor no segundo gol.

CARLOS ALBERTO (7) – Ótimo início como toda a equipe até marcar 2 a 0. Depois sofreu com Lucescu, mas ainda criou boas chances no final do jogo.

BRITO (6) – Muito bem até conceder por desatenção a primeira chance romena. Bobeou depois nos dois gols.

FONTANA (7,5) – Muito bem em quase toda a partida. Mas sofreu depois com a pressão romena e com a saída de Everaldo.

EVERALDO (7,5) – Saiu lesionado com 10 minutos da segunda etapa. Estava bem até no ataque, que não era tanto a dele.

[MARCO ANTONIO (5)] – Não entrou tão bem, também porque a Romênia forçou muito em cima dele.

CLODOALDO (9) – O melhor em campo. Disparado. Era cabeça-de-área que foi escalado para jogar como segundo volante e foi o primeiro armador e melhor da Seleção. Partida espetacular, também pela função que exerceu fazendo muito mais do que se imaginava.

[EDU (7)] – Entrou na dele. E muito bem, como sempre, aberto pela esquerda, driblando cruzando e chutando forte.

PIAZZA (7) – Voltando a atuar na posição dele, foi mais discreto e teve problemas no segundo tempo. Mas jogava muito e sempre para a equipe.

JAIRZINHO (8,5) – Outra partida sensacional do melhor jogador do Brasil na Copa. Pela direita, por dentro, até pela esquerda, e jamais fugindo do pau. Essencial para controlar o jogo, e para puxar o contragolpe em qualquer momento do jogo.

PELÉ (8,5) – Marcou como volante, armou como meia, e ainda pelezou algumas vezes, além dos dois gols. Pelo sacrifício tático brilhou menos. Mas a atuação foi exemplar para a equipe e para o ambiente.

PAULO CÉSAR (7,5) – Jogou aberto pela esquerda como ainda não havia atuado com Zagallo. Se bobear até no Botafogo bicampeão carioca 1967-68 e da Taça Brasil de 1968. Com a saída de Clodoaldo, teve que entrar na meia-direita.

TOSTÃO (8) – Muito inteligente, recuava para abrir espaços, como fazia quando caía pela esquerda, e até pela direita, no segundo tempo. Melhorando a cada jogo.

ZAGALLO (8) – Adaptou-se às exigências e mudou o time e ideias. As mudanças que fez na equipe foram por lesão. Acertou uma grande primeira etapa.

ROMÊNIA – Nota (6). Jogou no 4-4-2.

Adamache (5) [Raducanu (7)];

Satmareanu (6), Lupescu (5), Dinu (7) e Mocanu (5);

Dembrovschi (7,5), Dumitru (5,5), Numweiller (8) e Neagu (5,5);

Dumitrache (6) [Tataru (7,)] e Lucescu (6,5).

TÉCNICO: Angelo Niculescu (7)

Árbitro FERDINAND MARSCHALL (ÁUSTRIA) - (nota 4) – Tecnicamente nenhum lance complicado. Mas disciplinarmente deixou a Romênia bater impunemente.

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