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14/5/1970 - Terceiro goleiro Leão convocado no lugar do ponta Rogério

Leão voltava ao grupo de 22 para a Copa no México. Rogério seguiria como observador-técnico da Seleção durante o Mundial.

Por Mauro Beting

Leão tinha sido cortado da Seleção na antevéspera do amistoso contra a Áustria, quatro dias antes do embarque para o México. Na mesma segunda-feira deixou o Rio de Janeiro e chegou em São Paulo. Esperava se juntar à delegação do Palmeiras que viajava pela Iugoslávia e iria depois para a Itália.

Não apenas não viajou para a Europa como não recebeu nenhuma mensagem de apoio do clube pelo corte. Até o Cruzeiro se manifestou. O Palmeiras, não. Exceto o ex-diretor José Gimenez Lopez, que o havia contratado para o Palmeiras em 1969.

Leão estava mais decepcionado com seu clube do que com a comissão técnica da CBD que o cortara sem muitas explicações. Porém, com o corte na véspera do ponta-direita Rogério, lesionado na coxa direita, Zagallo decidira chamar um terceiro goleiro. Como as demais 15 seleções da Copa.

Naquela quinta-feira pela manhã, Leão treinou com os juvenis no Palestra Italia. Tinha certeza que não se juntaria mais à delegação palmeirense na Europa. E ainda tinha alguma esperança de reconvocação. Nos últimos dias se falava muito que ele seria o chamado pela CBD, em vez de um dos pontas-direitas relacionados na lista prévia de 40 nomes: Manoel Maria (Santos) e Vaguinho (Atlético Mineiro).

Depois das 14h, Leão foi a uma loja escolher um conjunto de móveis que tinha ganhado do dono palmeirense. Ficou mais de duas horas por lá com o irmão. Indeciso, Leão não escolheu nenhum.

Enquanto isso, a CBD a estava mais decidida. Havia telefonado para o Palmeiras informando que Leão realmente era o escolhido pela comissão técnica para substituir Rogério. Rui Cardim, funcionário do clube, foi o encarregado de descobrir onde estava o goleiro.

Sem celular, não tinha como o encontrar.

Uma viatura do clube foi para a casa de Leão para o informar e o levar o quanto antes para Congonhas, onde pegaria a Ponte Aérea para o Rio de Janeiro, de onde viajaria o quanto antes para o México. Os pais do goleiro, Rafael e Vani, ouviram pelo rádio a notícia da convocação e o esperavam para abraçá-lo, além de terem feito a mala para a viagem.

Leão chegou 16h em casa e logo percebeu o que já se esperava. Estava convocado. Mas o jovem goleiro desarmou a pressa. "Calma. Deixa eu tomar banho, fazer a barba, passar na casa da minha namorada para me despedir".

Desarrumou a mala feita pela mãe. Achou que tinha muitas calças e camisas. Foi ao Palmeiras pegar suas chuteiras e ficha médica.

E deu o recado: "só deixei amigos na Seleção. Respeitando meus colegas Félix e Ado, volto para ser titular. Como disse o Chirol quando fui cortado, sou um homem de Seleção. Eu logo voltaria. Lá vou eu agora lutar para buscar mais uma taça com meus companheiros".

Leão embarcou no começo da noite para o Rio. Mas só embarcaria para o México na segunda-feira. Também pra levar a camisa 22 de goleiro que não tinha sido feita e precisava ser produzida pela Athleta, que confeccionava os uniformes da Seleção.

Em Guanajuato, a comissão técnica definiu a numeração dos 22 para o Mundial:

Por ela já havia como saber qual era a intenção de Zagallo quanto aos titulares: Félix-1; Carlos Alberto-4, Brito-2, Piazza-3 e Marco Antonio-6; Clodoaldo-5 e Gérson-8; Jairzinho-7, Pelé-10 e Rivellino-11; Tostão-9.

E também quem ele levava tanto em conta como opção. O número da sorte do treinador ficava para o centroavante Roberto-13. Seu comandado também no Botafogo que treinava até ser chamado para dirigir a Seleção, em 18 de março de 1970.

Os goleiros ficavam com as camisas tradicionais no Brasil, e com a ordem esperada: Ado era o primeiro reserva com a 12; Leão o segundo, com a 22.

Os laterais reservas eram Zé Maria-21 e o futuro titular Everaldo com a 16.

Os zagueiros Baldochi-14, Fontana-15 e Joel-17.

O primeiro reserva Paulo César era o 18. O outro ponta Edu era 19.

O centroavante Dario vestia a 20.

O doutor Lídio passou a quinta-feira fazendo compressas quentes no olho esquerdo de Tostão. No dia seguinte viria de Houston o doutor Abdala, que tinha operado o craque cruzeirense do descolamento de retina, em setembro de 1969. O oftalmologista era o mais confiante no aproveitamento durante a Copa. Tostão, o menos.

Zagallo foi perguntado sobre quem bateria pênaltis. Disse que Pelé e Carlos Alberto costumavam bater no Santos. Gérson, no São Paulo. "Isso não é problema". Não foi necessário durante a Copa.

No Brasil, Nelson Rodrigues seguia o mais confiante: "Esse é o Mundial que nos dará o caneco dos sonhos. Com ou sem Tostão seremos campeões".

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