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26/4/1970 - Brasil 0 x 0 Bulgária Sub-23: a maior vaia do Morumbi

O estádio do São Paulo tinha sido enfim completado em janeiro de 1970. Desde então, e nos 10 anos anteriores, nunca se ouviu vaia tão grande a um atleta como foi perseguido Paulo César Caju. O mártir do martírio que foi o 0x0 chocho contra os búlgaros - que tinham chegado naquela madrugada ao Brasil

 - REVISTA FATOS E FOTOS
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Por Mauro Beting

O time da Bulgária era sub-23. Só tinha um convocado que estava na lista dos 40 pré-inscritos para a Copa de 1970. Para piorar, o avião teve um problema técnico em Dacar e o voo chegou com 11 horas de atraso. A delegação desembarcou em São Paulo apenas 6 da manhã para o jogo no Morumbi às 16 horas. E com muito calor para um 26 de abril.

Mesmo contra um time frágil e limitado e desgastado, em amistoso que a federação búlgara até hoje não considera oficial por ser a sua seleção uma quipe restritiva, o Brasil quase completo não saiu do empate medíocre sem gols e sem futebol.

E com Pelé na reserva de Tostão...

FOTO: O GLOBO
Pelé, camisa 13, no banco do Brasil no Morumbi

Com a camisa 13. O número da sorte de Zagallo. Não naquele domingo.

Quando o treinador fez algo que Saldanha tinha cogitado fazer - poupar Pelé. Mas acabou demitido antes mesmo de fazer...

A péssima partida da Seleção foi ainda pior para Paulo César Caju. Ele já esperava ser vaiado. Mas não tanto como foi. Mais do que nos 5 a 0 na estreia de Zagallo contra o Chile, em 22 de março. No vestiário, o ponta que fechava o meio-campo chorou muito. A cobrança sobre ele era absurda. E PC realmente não estava bem. Ele e o Brasil.

"Ou mudamos para o México ou repetiremos 1966", escreveu o cáustico Ricardo Serran, em O GLOBO. "Nem Deus pode entender o que Zagallo e seus companheiros de comissão técnica querem fazendo tantas bobagens assim".

151 mil ingressos foram colocados à venda. Nem metade foi ao estádio. E a que foi vaiou muito antes do jogo e mais ainda durante a péssima primeira etapa - sem Pelé. Quando o Rei entrou para substituir Tostão (camisa 10) , o Brasil até melhorou. Rivellino entrou bem ao lado de Gérson (como no time de Aymoré, em 1968). Pelé joogu mais à frente ao lado de Jair e Roberto Miranda (que foi "o melhor zagueiro búlgaro, na avaliação do JORNAL DO BRASIL).

FOTO: O ESTADO DE S.PAULO
Pelé deu lugar a Tostão, que voltava a jogar depois de seis meses

Pelé e Rivellino deixaram a seleção um pouco melhor. Ou menos pior por 25 minutos. Mas a equipe nervosa e ansiosa quase foi derrotada no final pelos "come-dorme" búlgaros, como definiu Saldanha durante a semana. O ex-treinador do Brasil se retratou ao final da coluna em O GLOBO: "peço perdão ao time da Bulgária que eu chamei de ´come e dorme'. Porque os garotos nem dormiram e nem comeram para empatar com o Brasil".

De fato, mal conseguiram dormir quando chegaram ao hotel. Optaram por um lanche em vez de almoço para não dar mais sono nos atletas que ficaram mais de 20 horas em voo.

Ao final do choho "OXO", como chamava o locutor Walter Abrahão, da TV Tupi, Hristo Mladenov (treinador búlgaro) disse que se o Brasil repetisse no México o "futrebol lento e improdutivo de hoje, não passa das oitavas". Isto é: cairia jpá na fase de grupos diante da Inglaterra, Tchecoslováquia e Romênia

O zagueoro Ivkov ganhou o Motorádio da Rádio e TV Tupi como melhor em campo. Agradeceu dizendo "merci", obrigado em francês.

Ninguém falava a mesma língua no Morumbi.

Nem Zagallo: "jogamos o tempo todo no ataque contra eles que ficaram a partida inteira na retranca. Não ganhamos. Mas também não perdemos".

Gérson voltava a defender Paulo César da críticas. "Não pode vaiar só ele. Tem que vaiar todo mundo que não jogou bem. Aliás, nenhum jogador pode ser vaiado antes do jogo como ele foi. Ele não pediu pra jogar. O responsável pela escalação do time é sempre o treinador. Não o jogador".

O santista Joel Camargo criticava a crítica: "a torcida tem que apoiar, ainda mais quando a fase não é boa. Mas é assim o futebol aqui, tanto no clube como na Seleção".

Na análise intitulada "a coisa esá feia", Saldanha elogiou o retorno de Tostão depois de seis meses (foi o melhor do primeiro tempo), e o receio de sair para o jogo do Brasil. "o time está jogando pra empatar, com medo de perder".

Vicente Feola, treinador campeão do mundo em 1968, e comandante do fiasco em 1966, entendia a teimosia do treinador com Paulo César Caju no meio. Mas ressaltava: "eu tinha o Zagallo para fazer isso no time em 1958. O Zagallo não tem um Zagallo agora".

FOTO JORNAL DO BRASIL
Pelé ao lado de Leão durante o primeiro tempo no Morumbi

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