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28/4/1970 - Presidente Médici aprova Rivellino junto com Tostão e Pelé

Delegação brasileira almoçou naquela terça-feira da semana do embarque para o México com general e líderes da ditadura militar no Palácio das Laranjeiras, no Rio de Janeiro. Era praxe. Não tinha como tirar o time de campo. Ainda mais naqueles tempos de chumbo.

Presidente Emílio Garrastazu Médici cumprimenta Pelé no Palácio das Laranjeiras, no Rio de Janeiro
Presidente Emílio Garrastazu Médici cumprimenta Pelé no Palácio das Laranjeiras, no Rio de Janeiro

Por Mauro Beting

Eram 11h45 da manhã de terça-feira quando chegou o ônibus trazendo os 22 jogadores do Brasil e toda a comissão técnica da Seleção brasileira. Os futuros tricampeões do mundo não puderam entrar na casa que havia sido a residência oficial do presidente Washington Luís, de 1926 até ser deposto em 1930. E também de Juscelino Kubitschek, que construiu Brasília. (Hoje é a residência do governador fluminense).

Os atletas esperaram mais 10 minutos até a chegada do Galaxie que trazia João Havelange e a alta cúpula da CBD, além do presidente da Federação Paulista de Futebol; o empresário José Ermírio de Moraes Filho seria o delegado brasileiro na Fifa durante a Copa de 1970.

Toda a comitiva da CBD esperou no salão nobre do palácio construído pelo industrial Eduardo Guinle pela chegada do presidente Emílio Garrastazu Médici, e de sua esposa Scyla.

No mesmo lugar onde, em 31 de agosto de 1969, o presidente Costa e Silva havia sido definitivamente afastado do cargo por conta de uma trombose. O Alto Comando das Forças Armadas designou então uma junta militar que governou o país até a escolha e posse de Médici. Essa reunião aconteceu no mesmo domingo em que o Brasil vencia o Paraguai por 1 a 0 e se classificava para a Copa de 1970.

Desde então, o Brasil já trocara o comando. Zagallo era o técnico desde 18 de março. Convocara de imediato o centroavante Dario (Atlético Mineiro), um dos preferidos do presidente-torcedor. Fanático por Grêmio e Flamengo.

Antes da chegada de Médici e da primeira-dama, o chefe do gabinete militar cumprimentou todos os atletas e conversou bastante com Marco Antonio, lateral-esquerdo do Fluminense do general João Baptista Figueiredo (que seria o último presidente da ditadura, entre 1979 e 1985).

12h20: enfim chegaram ao salão nobre Médici e Scyla. João Havelange fez as honras da CBD apresentando formalmente cada atleta. Médici dispensou o formalismo. Já os conhecia como fã de futebol. Deu um tapinha nas costas mais carinhoso em Dario (como os próprios atletas tiravam sarro do "centroavante do presidente"), Pelé, Tostão e também em Marco Antonio.

Mas o mais abraçado pelo general foi Everaldo, lateral do Grêmio do coração de Médici. Foi com quem o presidente foi mais afetuoso.

Com o clima mais descontraído, o Rei do Futebol pediu ajuda ao governo para o Fundo de Educação Pelé que ele estava projetando. Médici anotou. No discurso, disse que todos os 22 atletas ganhariam uma concessão para explorar uma casa lotérica depois da Copa. Independente do resultado. A Loteria Esportiva tinha acabado de começar e era febre nacional.

Ao final do almoço, a primeira-dama ofereceu a cada atleta uma medalha de Santa Teresa, santa protetora de dona Scyla.

Médici deixava o ministro da Educação, o coronel Jarbas Passarinho, também presente ao almoço, cuidar do futebol brasileiro. Não havia secretaria de Esportes. Mas o CND estava atrelado ao ministério. Como o Conselho Nacional dos Desportos estava acima da CBD, Havelange meio que tinha que se reportar a Passarinho. Como no dia seguinte ao anúncio de Zagallo ele foi chamado para conversar em Brasília. Passarinho sinalizava que mudanças drásticas podiam acontecer no futebol brasileiro depois do Mundial.

Mexidas que deputados federais exigiam desde então. Não poucos queriam intervenção na CBD do poder militar. Como um vereador paulistano, em 13 de abril. Para ele, os interesses inconfessáveis dos dirigentes estavam levando o Brasil a um mau caminho e até mesmo a mais um fracasso como em 1966.

o vereador se chamava José Maria Marin. Presidente da CBF, de 2012 a 2014. Banido do futebol quando preso em 2015 no Fifagate.

Em sua coluna em O GLOBO, o ex-treinador Saldanha ainda repercutia o cortede Dirceu Lopes ("um dos cinco melhores jogadores do Brasil. Não o levar pra Copa é é um crime antifutebol brasileiro").

Saldanha também disse que Leâo era quem melhor treinava entre Félix e Ado. E que Zé Carlos era o melhor banco da Seleção: além de voltante, jogava mais à frente e também nas laterais. "Fora Pelé, é o jogador mais versátil do país".

Rogério estava confiante para voltar à equipe no amistoso no dia seguinte contra a Áustria. "Estou 100% para jogar 90 minutos". O problema muscular na parte posterior da coxa direita não parecia mais o incomodar.

O capitâo Carlos Alberto Torres voltou a dizer que estava confiante em boa campanha no México. E entendia que o Brasil precisava ser mais equlibrado defensivamente.

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