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4/6/1970 - Brasil então precisava conter a euforia

Seleção, torcida, imprensa do Brasil e Mundial tinham ficado entusiasmados com os 4 a 1 na véspera, contra a Tchecoslováquia.

O capitão Carlos Alberto
O capitão Carlos Alberto

Por Mauro Beting

Alf Ramsey, treinador da Inglaterra que também vencera na estreia (dia 2) a boa equipe da Romênia, gol de Hurst, ficara impressionado com a grande atuação brasileira, na véspera, contra a Tchecoslováquia. Mas disse que o segundo jogo seria diferente. "Não vamos dar tanto espaço para os craques brasileiros".

Carlos Alberto revelou aos jornalistas que nos últimos dias todo o elenco e toda a comissão técnica vinham realizando reuniões à noite. Na véspera da estreia, eles "definiram" que, se preciso fosse, morreriam em campo contra a Tchecoslováquia.

O capitão reiterou na frente da concentração brasileira, no Suites Caribe, o que dissera ainda nos vestiários do Jalisco:, depois dos 4 a 1: "os ingleses devem estar tremendo. Não somos campeões mundiais - ainda. Mas vamos em busca do título".

Jairzinho era outro muito animado. E com razão. "Minha atuação e meus gols devem ter feito aqueles que queriam o Rogério como titular entenderem que eu tenho potencial para jogar pelo Brasil. Os gols realmente me deram muita confiança. Fiz uma boa partida também porque ajudei bastante lá atrás, como me pediu o Zagallo. Como eu também terei que fazer contra a Inglaterra, ajudando o Carlos Alberto quando o lateral deles apoiar".

Tostão comentou que ainda faltava ritmo e que ele e Pelé não estavam plenamente entrosados - como estiveram com João Saldanha, nas Eliminatórias, em 1969. Algo que ele acreditava que viria com os jogos na Copa.

Análise corroborada por Zagallo: "os dois ainda não estão em plena forma. Mas chegarão ao ponto ideal".

O treinador não tinha gostado de alguns erros técnicos da defesa na estreia. Sobretudo na saída de jogo e nas reposições de Félix.

Everaldo tinha tido problemas, também pelo apoio do ótimo lateral-direito Dobias. Mas garantia estar tranquilo: "nervoso eu não ajudo ninguém".

O lateral gremista e o zagueiro rubro-negro Brito receberam mensagens especiais do presidente Médici, torcedor dos dois clubes. O general havia enviado as congratulações pelo chefe da delegação brasileira, o brigadeiro Jerônimo Bastos.

João Saldanha, em O GLOBO, gostou da Seleção. Mas também disse que a "vitória foi muito fácil. Muito boa nossa atuação, mas consentida". O ex-treinador do Brasil disse que Gérson foi "excelente. Mas deveria ser poupado antes, nos treinamentos". Jairzinho foi "magnífico porque passou a não driblar pra dentro".

Pelé? "Excelente".

Vicente Feola, treinador campeão em 1958, ficou muito empolgado com o desempenho defensivo da equipe, que marcou muito bem, com a ajuda de todos.

Nilton Santos comentou que a Tchecoslováquia deu muito espaço, mas que a Seleção jogou muito bem. A Enciclopédia estava muito confiante nas chances de título.

Mas menos do que Nelson Rodrigues. Em O GLOBO, o cronista mantinha sua cantilena de detonar os pessimistas da imprensa. "Antes do jogo, nossos jornais não venderam nenhum otimismo".

Ele também se encantou com o 4 a 1: "Vimos um desenho, uma pintura, um tapete bordado de futebol. Nenhum scratch pode oferecer o futebol que oferecemos".

Nelson criticava os críticos de Gérson, que diziam que faltava mais fibra a ele: "o Vampiro de Düsseldorf, se provasse o sangue de Gérson, diria que era legítimo".

Ele também elogiou a preparação física da equipe. "Quem tem saúde de vaca premiada somos nós, não os europeus". E voltou a detonar quem criticara muito o futebol brasileiro desde 1966: "diziam quem nosso futebol era obsoleto como a primeira sombrinha de Sarah Bernhardt..."

Mas Nelson entendia que todas essas críticas ajudaram a fazer o espírito da equipe: "esse scratch se fez de vaias".

Enquanto isso... No Brasil... O presidente da CBD visitou o comandante do I Exército. O general Sizeno Sarmento ganhou de aniversário uma medalha da CBD de João Havelange.

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