9/5/1970 - Zagallo só tinha duas dúvidas para a estreia
A Seleção estrearia no Mundial em 3 de junho de 1970. O treinador despistava sobre o goleiro que seria mesmo Félix. Piazza estava ganhando um lugar na zaga, e Tostão, no ataque. O dia a dia da campanha do tri.
Por Mauro Beting
Tostão ou Roberto? Mais para Tostão. Piazza ou Fontana? Mais para Piazza. Zagallo já tinha praticamente definido o Brasil para a estreia em 3 de junho.
Naquele sábado em Guanajuato para se adaptar melhor à altitude (3.180 metros, contra os 1.567 de Guadalajara), Zagallo estava inclinado a deixar Rogério na reserva. Também porque Jairzinho vinha jogando melhor na ponta-direita. Caindo mais por dentro, em diagonal, abria o corredor pelo lado para Carlos Alberto, e fazia boas tabelas com Tostão (mais à frente) e Pelé vindo de trás.
Ainda a dúvida persistia se era o caso de manter Rogério entre os 22, por causa da lesão muscular na coxa direita. Manoel Maria (Santos) e Vaguinho (Atlético Mineiro) eram os pontas-direitas inscritos na relação de 40 nomes entregue à Fifa. Mas membros da comissão técnica também defendiam a convocação de um terceiro goleiro, como todas as outras seleções.
Naquele mesmo sábado o sonho do ótimo ponta santista acabava. Ele tinha sido convocado. Não para a Seleção. Mas para servir o Exército...
Zagallo seguia satisfeito com o time. E mais ainda com o ambiente fora do Brasil: "carinho mexicano fez bem à Seleção". Ele ainda se incomodava com as vaias recebidas por Paulo César Caju nos amistosos no Morumbi. "Aquilo o abalou demais. Mas conto bastante com ele. Por exemplo, quando precisarmos atacar, posso tirar o Clodoaldo do time, prender mais o Gérson com o Rivellino, e abrir o Edu na ponta-esquerda. Ou mesmo colocar de novo o Paulo César pela meia-direita, ao lado do Gérson. Ele nos dá muitas alternativas táticas".
Ainda havia naturalmente vozes distoantes ou mudas no elencol. Fontana se sentia incomodado com a presença do improvisado Piazza na sua posição na zaga. O seu reserva Joel seguia calado. E bravo como sempre.
Até Ado resolveu comentar o rodízio de goleiros nos amistosos. "O técnico da Seleção já deveria ter definido o goleiro titular", desbafou ao jornal FOLHA DA TARDE.
De fato, a comissão técnica já tinha deixado claro. Félix seria o titular na meta brasileira na estreia, em 3 de junho, contra a Tchecoslováquia.