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A Liga do Futebol Brasileiro NÃO É a melhor notícia do que os clubes fizeram hoje

A iniciativa de união para organizar um Brasileirão melhor e mais valorizado é salutar demais, mas o mais importante do movimento deste (possivelmente histórico) 15 de junho de 2021 é os clubes se insurgirem ao golpe de dar às federações estaduais Peso 3 na eleição da CBF

Por Vitor Sérgio Rodrigues

O dia 15 de junho de 2021 pode ser histórico para o futebol brasileiro. Podemos nos recordar dele como o dia do pontapé inicial de uma Liga do Futebol Brasileiro, capaz de fazer a modalidade evoluir e as receitas dos clubes explodirem no país, como ocorreu em vários locais pelo mundo. Um documento assinado por 19 dos 20 clubes da Série A (o Sport não foi representado pois o seu presidente, Milton Bivar, renunciou na segunda-feira, mas concorda com os termos) e entregue à CBF é a materialização da liga, mas essa não é a melhor notícia desta terça-feira. Na minha opinião, nem de longe!

No mesmo documento, os clubes da elite do futebol brasileiro exigem da CBF que modifique o sistema de pesos em seu colégio eleitoral, que determina o novo presidente da entidade. Desde 2017, o peso dos votos das 27 federações estaduais é “3”, enquanto dos clubes da Série A é “2” e de quem está na Série B tem peso “1”. Isso foi modificado pela CBF à revelia dos clubes, já que antes todos os votos valiam a mesma coisa, peso “1”. Falando no popular: a CBF deu um golpe nos clubes, que na ocasião, nada fizeram (um ano depois, na eleição da CBF, Athletico, Corinthians e Flamengo não votaram em Rogério Caboclo alegando insatisfação com essa mudança).

Além disso, esse documento também pede que a CBF flexibilize as regras para que uma pessoa possa se candidatar ao cargo de presidente da entidade. Atualmente, é preciso que a pessoa tenho apoio de oito federações e cinco dos 40 clubes das Séries A e B para poder concorrer (reparem, não é apoio para a eleição, é uma espécie de autorização apenas para registrar a chapa!). A proposta final foi que passe a ser preciso assinatura de 13 dos 67 votantes do colégio eleitoral (40 clubes e 27 federações) para poder se tornar candidato.

Essa insurgência necessária dos clubes e, todos juntos, é uma mensagem clara: os clubes querem decidir o seu destino. Hoje, a CBF é uma intermediária indesejável e cujos quatro últimos presidentes têm problemas com a polícia, no Brasil ou no exterior. Mexer na forma como o presidente da CBF é eleito é parte vital desse processo. O tema é politicamente tão delicado que, nas tratativas anteriores à reunião, em grupos de mensagens, houve uma certa resistência em que o tema “mudança no processo eleitoral da CBF” fizesse parte do documento final, mas no fim todos decidiram seguir por esse caminho.

A CBF publicou uma nota oficial no fim da tarde informando que recebeu os clubes e o referido documento com as demandas deles. E que agora vai analisar os pedidos internamente, sem estabelecer nenhum prazo. Apuração feita pelo Blog do VSR dá conta de que há um certo alívio na entidade pelas manchetes dos principais veículos de comunicação abordarem a criação da Liga, deixando a reinvindicação do fim do Peso 3 para as federações escondida no corpo das notícias. A sensação é que a CBF terá que dar os anéis (a Liga) para não perder os dedos (o sistema de política e politicagem com as federações estaduais).

Qualquer pessoa que conheça um pouquinho do mercado da venda de direitos de TV sabe que os direitos do Brasileirão vão explodir se a venda for feita por uma liga, de forma séria, com todos os clubes juntos, havendo uma concorrência sem cartas marcadas. Isso nunca aconteceu por aqui. Dobrar o valor é certo. Ainda nem incluí os valores da venda das placas de publicidade, hoje negociadas pela CBF (com exceção de Athletico, Flamengo e Palmeiras).

Há muito o que a Liga do Futebol Brasileiro fazer, em especial no item calendário, com a CBF rasgando a Data-Fifa desde 2002 para se manter bem com as federações estaduais... Mas isso é um passo seguinte. O primeiro é os clubes tomarem o poder na CBF, consertando o golpe que a CBF realizou em 2017. E eles querem fazer isso pacificamente, sem os traumas de um rompimento forçado ou ter o rótulo de uma "liga pirata".

O torcedor torce pelo clube. Não é pela CBF, por federação, por canal de TV. Os clubes têm que decidir o seu destino. E foi isso que começaram a fazer hoje, todos juntos, sem ninguém se arvorar como o salvador único do futebol brasileiro. Tomara que todos se mantenham firmes assim!

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