A indignação seletiva no "caso Neymar"
Esporte Espetacular trouxe um novo olhar em cima da polêmica envolvendo Neymar e Álvaro Gonzalez. Leitura labial que reforça a acusação feita pelo brasileiro e que foi posta em dúvida por muita gente que tem rejeição ao camisa 10 do PSG
Por Bruno Formiga
Não dá para relativizar racismo. E muito menos escolher qual vítima você vai apoiar. Quem se diz contra o preconceito e fala de igualdade simplesmente não pode duvidar (antes de se indignar) de uma acusação tão grave e profunda porque o personagem envolvido é polêmico.
Neymar foi muito claro em campo. E a reação calorosa dele salta aos olhos. Ainda mais vindo de alguém que nunca se posicionou fortemente em realçao à causa e sempre evitou entrar com o pé na porta nesse assunto - inclusive já foi cobrado por isso.
Dessa vez ele fala como vítima. E deve ser ouvido como tal.
Óbvio que o episódio entre ele e o zagueiro Álvaro Gonzalez precisa e vai ser investigado. Até lá, prefiro ficar com a versão que fala sobre algo tão comum em gramados europeus.
Não foi a primeira e provavelmente não será a última vez que um jogador é chamado de 'macaco' pelo adversário.
Sim. Neymar gritou em alto e bom som ter sido ofendido. E a reportagem do Esporte Espetacular deste domingo sustentou a mesma coisa. Com especialistas em leitura labial, a matéria crava que o jogador brasileiro ouviu o que disse ter ouvido mesmo.
Convenhamos. Qual a razão de alguém inventar que foi chamado de macaco sob a mira de pelos menos 15 câmeras de televisão? No mímino seria idiotice.
A questão toda é pelo fato de Neymar ser Neymar. Ai tudo vira um espetáculo midiático e cheio de teoria da conspitação. Nesse bolo entram também rejeição, gosto, empatia, etc.
Pontos que não deveriam estar em debate. Não importa quem fala que sofreu racismo. Primeiro a gente escuta. E se for para julgar alguém que se julgue primeiro o suposto agressor.
Caso contrário, melhor ficar calado e esperar.
Abrir o bico para diminuir, duvidar, criar ilações sobre alguém que está dizendo que sofreu racismo é ofender duas vezes, não só Neymar, mas todos aqueles que um dia já foram menosprezados por causa da cor da pele.