A verdade é que todo torcedor queria ser Flamengo
Título da Libertadores foi escrito com roteiro que qualquer amante do futebol gostaria de viver um dia. Ou viver de novo
Por Bruno Formiga
Calma! O título parece autoritário e arrogante, eu sei. Mas a ousadia aí é apenas uma isca.
A ideia central é menos provocativa. E bem mais lógica do que parece.
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Não há aqui, garanto, a menor pretensão de determinar que torcer para o clube A é melhor que torcer para o clube B. Uma paixão nasce, cresce e se desenvolve por razões das mais variadas. A construção do time de coração não tem regra.
E não existe hierarquia quando se ama. Todo clube é grande para quem torce por ele.
A questão é outra.
Torcedor quer emoção. Se possível com vitória. E com troféu.
O Flamengo deu tudo isso aos rubro-negros em um final de semana para sempre. Campeão da Libertadores e campeão brasileiro em 23 horas. Uma fila de 38 anos que chegou ao fim com roteiro épico. E uma espera de dez anos que acabou praticamente em cima de um trio elétrico.
Quem não gostaria de viver isso?
Que torcedor não queria sentir algo assim?
Ganhar nos acréscimos uma taça enorme em cima de um dos mais tradicionais times da competição depois de praticamente 88 minutos de agonia e fantasmas.
Confirmar pouco tempo depois a superioridade diante de todos os outros adversários do seu país.
O Flamengo viveu um filme. Criou um documentário em menos de um dia.
Despertou memórias e momentos em milhões. Do jeito mais maluco – que no futebol é o jeito ideal.
E cada um desses milhões lembrará onde estava e com quem estava no dia 23 de novembro de 2019.
Torcedores, seja de qual time for, esperam uma vida inteira por um jogo assim, por uma conquista assim, por uma vitória assim.
Mas torcedor nenhum se prepara para ganhar o que o Flamengo ganhou e como ganhou em um mesmo final de semana.
A verdade é que o que o flamenguista sentiu é o que todo torcedor quer sentir.
Quem vive alegria de arquibancada sabe o que é. E quer ter aquilo para si. Sempre.
Da mesma forma que ser Barcelona na remontada em cima do PSG deve ter sido ótimo.
Ou ser Fluminense no gol de barriga. Ou Corinthians no gol do Basílio...
Os exemplos são vários. Cada time tem o seu (ou mais de um). Mas o ponto é o mesmo. A explosão de viver algo improvável, raro, histórico é o que faz o futebol ter sentido.
Exatamente como foi a vitória do Flamengo.