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Buscar Rogério Ceni faz todo sentido para o Flamengo

Dome não resistiu e o clube carioca foi buscar um técnico promissor, com um trabalho muito bem sucedido, que está ambientado para resolver problemas num curto espaço de tempo

Por Vitor Sérgio Rodrigues

A fragilidade defensiva apresentada desde o início do trabalho, mas acentuada desde a goleada sofrida para o Independiente Del Valle em Quito, foi um fator importante para a demissão de Domenec Torrent no Flamengo. Mas o que pesou mesmo foi a falta de perspectiva de evolução nesse aspecto, constatada por Marcos Braz após as goleadas para São Paulo e Atlético Mineiro. Primeiro o técnico culpou erros individuais, negando que fosse uma questão coletiva, para depois admitir que era um problema maior da equipe. Nos treinos entre as duas goleadas, a sensação foi que não haveria evolução e se decidiu por demitir o treinador espanhol. E a reposição foi rápida e com lógica: Rogério Ceni.

Rogério Ceni é o mais promissor técnico brasileiro e, desde 2019, quando disputou a Primeira Divisão, fez o melhor trabalho entre todos os treinadores que nasceram aqui. Tem apenas quatro anos de carreira, mas já acumulou experiências múltiplas, para o bem e para o mal, errando e acertando muito. Consegue armar seu time de formas diferentes, é muito estudioso e se preparada demais. E, o principal, conhece o tamanho do desafio que o Flamengo tem pela frente, em termos de cobrança e, principalmente, em termos de características de elenco e adversários. Isso pesou na decisão da direção de futebol do Fla: tempo, ter dois mata-matas importantíssimos nas próximas quatro quartas-feiras.

Conversando com pessoas que vivem o futebol do Flamengo, a convicção em ter um técnico estrangeiro no comando da equipe não acabou de uma hora para outra. Mas que pela questão do tempo, sentiram total confiança no momento de carreira de Rogério Ceni. Ele passou a impressão de conseguir se adaptar ao que o Flamengo precisa no curto prazo e, principalmente, fazer o time evoluir em vários aspectos no médio prazo.

Logo na apresentação Rogério Ceni mostrou muito conhecimento de onde estava pisando e informou que sabe que vai precisar se adaptar. Gerou empatia imediata dizendo que ligou para Zico e pediu permissão para entrar no clube. Mostrou que conhece a realidade da pressão que vem das mídias sociais em canais especializados em cobrir o Rubro-Negro. Falou da tradição de o clube buscar um futebol ofensivo, onde o gol é o mais importante, mas destacando que dá para equilibrar a equipe defensivamente.

Focando em capacidade de adaptação, o trabalho no Fortaleza mostrou que Rogério Ceni conseguiu isso. O time da Série B, em 2018, era muito agressivo, empurrando os adversários para trás, muito goleador. A equipe que disputou a Série A no ano passado, tinha um ataque muito forte, mas era frágil defensivamente. Neste ano, o perfil mudou. O Fortaleza tem a melhor defesa do Brasileirão, mas o segundo pior ataque. Ter um time mais efetivo na frente era a preocupação do treinador neste segundo turno do Brasileiro, quando pintou o convite para assumir o Flamengo. Deixou claro que as características atuais do Fortaleza não serão necessariamente repetidas em um Flamengo com muitas opções, elogiadas por ele várias vezes ao longo das 21 perguntas. Por exemplo: o Fortaleza atual rouba poucas bolas no campo do adversário, um dos segredos do sucesso do Fla de Jorge Jesus. Isso deve mudar na Gávea.

É muito arriscado avaliar a contratação de um técnico como ótima ou péssima no momento da assinatura. Porque o futebol é um esporte muito peculiar em relação a dar resultado ou não. É o único, dentre os coletivos, em que uma equipe com menos talento consegue, com certa facilidade, equilibrar as ações contra uma com muito mais talento. Isso acontece toda hora. Eu prefiro analisar se a contratação é compatível com o que o clube busca (se é o que clube sabe!?) e o que o profissional tem apresentado. Diante desse cenário, eu não tenho ideia se Rogério Ceni será bem sucedido ou não no comando do Flamengo, mas a escolha faz muito sentido observando o panorama do clube e do treinador hoje.

O lado do Fortaleza
Aconteceu de novo: Rogério Ceni deixa o Fortaleza por causa de uma proposta, tida por ele como imperdível. O clube tem todo o direito de estar incomodado com a situação, mesmo considerando que Rogério Ceni cumpriu seu contrato ao informar a saída e haver o pagamento da multa prevista no compromisso, cerca de 1 milhão de reais. O presidente reclamou da postura da diretoria do Flamengo, recebeu um pedido de desculpas do presidente do clube carioca e considerou que seguiu em frente.

Nessa situação, eu acho que ficou feio para o próprio Rogério Ceni, que há duas semanas disse no programa “Bem, amigos” que cumpriria seu contrato com o Fortaleza até o fim do Campeonato Brasileiro. Ele disse isso por sua vontade. Não colocou nenhum condicionante, como uma proposta com as vantagens que o Flamengo oferece agora. O Fortaleza confiou nisso. E Rogério Ceni mudou de ideia. E saiu de novo. Todos nós podemos mudar de ideia. Isso não apaga o brilhante trabalho dele no Pici e o quanto a relação foi boa para os dois, técnico e clube. Mas ficou uma mensagem ruim no ar na minha visão.

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