Com um dos melhores trabalhos da Europa, Eduardo Coudet mudou o Celta da água para o vinho
Treinador assumiu o clube na zona de rebaixamento e por pouco não conseguiu levar a equipe às competições europeias
Por Gabriel Menezes
Eduardo Coudet deixou o Internacional, no fim de 2020, deixando saudades no torcedor colorado. Afinal, o técnico argentino fazia ótimo trabalho no clube gaúcho, que era líder do Campeonato Brasileiro e ainda disputava Libertadores e Copa do Brasil quando o comandante pediu a rescisão de seu contrato para assinar com o Celta, da Espanha.
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À época, muitos questionaram por que Coudet preferiu deixar o Inter, líder do Brasileirão, para assumir o Celta, que corria sério risco de rebaixamento: era 18º colocado quando o argentino assumiu o comando, na 10ª rodada de LaLiga. Independentemente dos motivos, o fato é que o treinador conseguiu mudar a equipe espanhola da água para o vinho.
Faltando apenas uma rodada para definir as posições finais de La Liga - o título ainda está em aberto, com Atlético de Madrid e Real Madrid podendo levantar a taça - o Celta de Coudet jogará contra o Real Betis, no sábado (22), "para cumprir tabela". O clube ocupa a 8ª colocação da competição, com 53 pontos. O Villarreal, 7º colocado, tem 58 e não pode mais ser alcançado. O Athletic Bilbao, que está na 9ª posição, tem 46 pontos e também não consegue ultrapassar a equipe de Vigo.
Os números comprovam o excelente desempenho de Coudet no comando do Celta
Quando Coudet chegou ao Celta de Vigo, a principal missão do técnico argentino era tirar a equipe da zona da degola. O clube era o 18º colocado e tinha estatísticas bem ruins: apenas uma vitória, com quatro empates e quatro derrotas, 15 gols sofridos e um ataque extremamente fraco: só seis gols marcados.
Depois da derrota na estreia do novo treinador, para o Sevilla, o Celta chegou a amargar a lanterna de LaLiga. Mas o time cresceu de produção com Coudet. Hoje, 28 rodadas depois, o clube da Galícia conquistou 46 pontos (além dos 7 que já tinha) e se encontra na 8ª posição, próximo da luta por vaga em competições europeias (os quatro primeiros vão para a Champions, 5º e 6º colocados para a Europa League e o 7º terá vaga na Conference League, torneio novato da UEFA).
Além disso, o ataque do Celta mudou da água para o vinho. Antes de Coudet, o clube tinha média inferior a um gol por jogo (6 tentos em 7 jogos). Com o argentino, são 47 gols em 28 partidas (1,67 gols/jogo). O número pode não parecer tão chamativo, mas é relevante na comparação com os rivais diretos.
Desde que Coudet assumiu, Celta teve o 2º melhor ataque de LaLiga e só pontuou menos que o G-4
Analisando os jogos entre a 10ª rodada (na estreia de Coudet) e a 37ª, última rodada disputada, fica mais clara ainda a subida de produção do Celta: o clube teve o 2º melhor ataque de LaLiga no período, tendo marcado 47 gols. Só o Barcelona, que balançou as redes adversárias 63 vezes, foi melhor. O Real Madrid e o Villarreal tiveram 46 gols cada e o líder Atlético de Madrid fez 45 gols.
Além disso, se considerarmos só a "era Coudet", o Celta estaria brigando para terminar na mesma 8ª colocação, ainda que com nove jogos a menos que seus adversários: teria o mesmo número de pontos que o Athletic, atual 9º colocado.
A impressão que fica é que, se o Campeonato Espanhol tivesse algumas rodadas a mais - ou se Coudet estivesse no comando desde o começo da liga - o Celta inevitavelmente conquistaria uma vaga numa competição europeia. O G-4, no entanto, seria inalcançável, pois o desempenho de Atleti, Real, Barça e Sevilla foi muito superior ao dos demais.
Veja, abaixo, o comparativo do desempenho do Celta de Coudet com os times que estão acima do clube na tabela de classificação.
Clube | Pontos desde a 9ª rodada | Gols marcados |
Atlético de Madrid | 62 pontos | 45 gols |
Real Madrid | 62 pontos | 46 gols |
Barcelona | 59 pontos | 63 gols |
Sevilla | 61 pontos | 41 gols |
Real Sociedad | 39 pontos | 38 gols |
Real Betis | 46 pontos | 35 gols |
Villarreal | 40 pontos | 46 gols |
Celta (com Coudet) | 46 pontos | 47 gols |