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Conto de fadinha: a Imperatriz do skate

Rayssa Leal, do Maranhão, é prata no skate de rua em Tóquio

Rayssa é braba
Rayssa é braba

Por Mauro Beting

"Skate não é pra mulher". É pra menina.

A rainha de Imperatriz do street Rayssa Leal ouviu a primeira frase desde que era... Menina. Quando ganhou do pai aos 6 anos a prancha que a levou à medalha de prata em Tóquio. Quando ela só tem 13 anos. A terceira medalhista mais moça da história olímpica.

Quantos sonhos ela não teve em... 7 anos?!

Metade da vida sonhou com isso. Ou menos. Por que quando era a fadinha que conquistou Tony Hawk em um video, ela não sonhava ser atleta profissional. Nem Olimpíada tinha em 2015 para disputar.

Ela era só o que ela é: uma menina. Só não ganhou ouro por outra menina japonesa também de 13 anos ser a primeira colocada pouco à frente dela. Ambas pouco à frente da menina de bronze de 16, também do Japão.

Não dá mesmo pra dizer que é sonho porque elas não tiveram tempo de sonhar. Mas agora elas vão ter lá na parede do quarto, ao lado das fotos dos ídolos dela, uma medalha pra inspirar. A ela mesma. Também às outras meninas do skate, do esporte, do Brasil que ainda quer brincar de fazer sério as coisas.

E não só por que não é fácil vir do Maranhão e ganhar o mundo. Por que é ainda mais difícil no Brasil dizer sim alguém que é só uma menina. Mesmo que essa mulher encare os desafios, os obstáculos, as pedreiras de frente, de lado e até de costas, no fio da navalha ou no cano do corrimão, metendo a cara, rasgando o cotovelo, mas sem sentir dor nele.

Eu não entendo nada de skate. Mas mesmo quem não entende saca que ela se atira e voa como se fosse… Uma fada!

Ela é f!

Com o perdão, você não pode ainda ouvir essas palavras, menina. Mas como diria outro craque, o nosso amigo Everaldo Marques, "você é ridícula". Como é ridícula na primeira acepção do termo a gritaria contra quem ousa voar como você. Numa atividade que antes era só pra homem. Pra não dizer que pra muitos ainda é só pra vagabundo, maconheiro, desocupado, gente do mal versus gente de paz, homens de bem, pais de família...

Legal que os pais de Rayssa estão sempre com ela. Não só por ela ser menor. Até porque ela é bem maior do que muito marmanjo. Mas a família dela está junto pra todas as quedas. Pra passar o mertiolate que hoje não arde, ou só arde naquelas pessoas que insistem em achar que o mundo não pode mudar, que as receitas e remédios não mudam. Gente que não pode ficar de madrugada torcendo por uma menina de 13 anos que veio do Maranhão pra fazer história pelo Brasil.

Rayssa, parece que você não tem limite. Você é leve no skate e na rua. Parece uma profissional. Parece você mesma.

Eu só torço mesmo pra que daqui umas 15 olimpíadas, quando você não tiver mais tanto peito pra carregar tanta medalha, você continue se jogando como se fosse uma menina brincando.

Isso é muito sério.

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