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Cruzeiro e o preço do calote como estratégia

 - Sergio, Vitor
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Por Vitor Sérgio Rodrigues

Em meio à paralisação do futebol brasileiro por conta da pandemia de Coronavírus, o Cruzeiro foi comunicado pela Fifa que começará a disputa da Série B do Campeonato Brasileiro de 2020 (tenha início quando tiver) com menos seis pontos na tabela. A punição é por não pagar o empréstimo do volante Denílson ao Al Wahda, dos Emirados Árabas Unidos, desde 2016. É o desfecho de uma política que o Cruzeiro adotou como estratégia nesta década: não pagar o que deve.

É verdade que a última direção do Cruzeiro se tornou um caso de polícia, com investigações extensas sobre desvios e roubo do patrimônio do clube. Mas essa prática de não pagar todas as suas despesas vem sendo comum ao longo da década. Desde 2011 o Cruzeiro teve déficit, ou seja, gastou mais dinheiro do que recebeu, em todos os anos (veja a imagem que está neste post). Repare que o clube teve prejuízo até em anos em que foi vitorioso no futebol, como 2013, 2014, 2017 e 2018. O balanço de 2018 inicialmente trazia um prejuízo de 28 milhões de reais e depois foi corrigido para quase 74 milhões de reais.

O clube passou a ser conhecido por não pagar a compra ou empréstimo de jogadores. Simples assim. O clube acertava o negócio, pagava o valor correspondente à entrada e deixava pra lá. Certo da impunidade de que “nunca vai dar em nada”. Agora deu. Além dos cerca de 5 milhões de reais do empréstimo de Denílson (que precisarão ser pagos mesmo com a perda dos seis pontos, sob o risco de o clube cair para a Série C como punição), há vários outros processos reclamados na Fifa. O próximo que deve ser executado é o do atacante Willian Bigode. Não foi acaso. Foi uma decisão de gestão. De várias gestões.

Os muitos torcedores do Cruzeiro, que durante esses anos em que os títulos chegavam à Toca da Raposa defendiam a estratégia da diretoria ou bradavam de que tudo não passava de uma perseguição da maldosa imprensa do "Eixo Rio-SP", hoje sabem que a conta dessa política chegou. Porque atualmente as medidas de regulação permitem isso. Logicamente, o Cruzeiro não é o único a adotar essas práticas, nem ontem, nem hoje, mas atualmente elas levam a punições graves na esfera administrativa (podemos dizer que a punição “da bola” o Cruzeiro teve no ano passado, com o rebaixamento da forma que foi).

Aproveitando o tema, outros grandes clubes do futebol brasileiro deveriam usar o Cruzeiro como exemplo (na imagem deste post, citei o gigante déficit de Corinthians e São Paulo em 2019). A combinação de administrações irresponsáveis, com poderes fiscalizadores internos que fecham os olhos para tudo, com pessoas mal intencionadas que terminam na polícia, está sagrando uma instituição quase centenária, das mais vitoriosas do futebol sul-americano. Esse combo pode ser encontrado em vários outros clubes do Brasil. Ou acordam ou serão notícia como o Cruzeiro vem sendo desde o meio de 2019.

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