Por Mauro Beting
Presidente da CBF foi afastado por 30 dias pela Comissão de Ética da entidade (sim, ela existe, e funciona). Tanto que as gravíssimas denúncias contra o titular Rogério Caboclo denunciadas na sexta-feira pelo GE (e que há 45 dias já se imaginavam...) levaram ao afastamento do cartola até que sejam averiguadas - pretensamente.
Como se pede em qualquer instituição séria. Ou pretensamente seria.
Como diria o meu filho - "demorou". Isto é: está "fechado". "Vamos lá". "OK". "Tá feito".
Demorou mesmo.
Não só para a atitude ser tomada na CBF - e o primeiro a pedir um tempo seria o próprio presidente. Demorou também para que outras situações semelhantes aconteçam em outras associações em supostos e/ou comprovados casos de assédios que desde que o homem é um australopiteco acontecem.
E até demorou para que saísse o presidente que há 6 dias rapidamente aceitou o pedido da Comenbol para sediar a Copa América que a Argentina não pôde fazer. E o Brasil de Bolsonaro prontamente se mostrou apto para receber o torneio em casa.
Com a ascensão do inefável Coronel Nunes de volta ao trono da Barra, talvez o diálogo entre ele e o capitão presidente do país seja mais direto que uma salva de tiros. Talvez Nunes preste continência ao dono da bola. Talvez o interesse mais político do que esportivo prevaleça e Tite deixe o cargo depois da partida contra o Paraguai, na terça, pelas Eliminatórias - sim, ainda temos Copa do Mundo na terça!
Acredite. E creia sempre neste país que desmoralizou o inacreditável.
E saiba que vice mandar mais do que presidente é praxe na CBF. Foi assim de 1986 a 1988, quando Otávio Pinto Guimarães e Nabi Abi Chedid trocaram cargos para poderem se eleger contra Medrado Dias por causa da idade do cabeça de chapa. E a cizânia se instalou.
Foi assim de 2012 a 2015, quando José Maria Marin assumiu depois de Ricardo Teixeira deixar a sua capitania hereditária - mas já era Marco Polo del Nero quem ditava o jogo. Até Marin ser preso na Suíça (e já não era o presidente da entidade).
Marco Polo ainda se manteve assinando papéis (ou mandando a caneta) até o Coronel Nunes (outro vice) assumir, em 2017, com o banimento do presidente pela Fifa. Mas MP seguiu apitando à distância (por óbvio) até Caboclo assumir de vez a presidência, em 2019.
Por ora volta tudo a ser como era.
A uma semana da Copa América que Coronel Nunes irá organizar.
Sem que se saiba ainda qual será a Seleção que estará em campo.
E dirigida por quem.
Desgovernada, já sabemos.