E daí?
E daí que o gol foi com a mão, o centroavante estava impedido, empurrou o zagueiro, foi além do acréscimo de tempo, a favor do time com maior mídia e torcida, contra o patrocinador do concorrente do meu, o atleta estava dopado, a inscrição irregular, o empresário dele é corrupto, e ele bate na enteada?
Por Mauro Beting
E daí?
A culpa não é minha. Eu não tenho nada com isso.
Não fui eu.
É do meu time. Mas eu vou comemorar mesmo assim.
Porque roubado é mais gostoso.
Contra o meu adversário que eu considero inimigo, ainda mais.
Contra os rivais a dureza da lei. Ou a anomalia, a anomia, a ironia, amônia, a cloroquina, sei lá, pô.
Uma pena que morreu um monte de gente no acidente que eu de fato não tenho muito a ver com ele porque foi inevitável - embora eu pudesse ter sinalizado alguma responsabilidade no que fiz e falei.
Mas eu não tenho nada com isso.
Eu sou só torcedor. Espectador.
Tenho um histórico de atleta e torço pelo meu clube - embora vista camisa de todos os outros.
E daí?
Eu faço e falo o que quero.
Você torce por quem quiser. Pra mim, pode até mesmo distorcer. Até mesmo os fatos, a ciência, o bom senso, a educação, o respeito.
Até porque o dia que eu for presidente do meu time, vou dar um golpe no mesmo dia! Vou fechar o Conselho Deliberativo do meu clube, e vou fazer o que os que se perpetuaram no poder não fizeram: vou matar uns 30 mil, começando pelo presidente do meu clube hoje! Vai morrer torcedor inocente, eu sei. Toda guerra morre inocente."
E daí?
Qual o problema?
Meu time acima de tudo, eu em cisma de todos.
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