Em uma derrota, o 'nascimento' do Trio MSN
Messi, Suárez e Neymar. O trio que encantou o mundo em 2015 precisou de uma derrota no Estádio Anoeta para se libertar e se tornar imparável
Primeiro jogo do Barcelona no ano de 2015, dia 4 de janeiro. O palco era o Estádio Anoeta, um local onde historicamente o Barça tem muitos problemas, estando a dona da casa, a Real Sociedad, bem ou mal (naquela temporada, estava mal, 14ª colocada do Espanhol). O técnico Luís Enrique toma a decisão de começar o jogo com Messi e Neymar no banco de reservas (Daniel Alves também foi poupado).
O Barcelona faz um péssimo jogo, leva 1 a 0 logo a dois minutos num gol contra de Jordi Alba e perde numa atuação paupérrima, mesmo com a entrada dos três poupados no segundo tempo. E o mundo desaba na cabeça de Luís Enrique.
Àquela altura, o Barcelona era vice-líder do Campeonato Espanhol, a quatro pontos do Real Madrid. A situação só não ficou pior porque nessa rodada, a 17ª, o Real também perdeu (2 a 1 para o Valencia, fora de casa). Mesmo com o Barça classificado em primeiro no seu grupo na Champions League, a crise se instalou no Camp Nou por causa dessa derrota em Anoeta. E dali surgiu a solução para o Barcelona terminar a temporada fazendo um Tríplice Coroa inesquecível, em três letras: MSN.
O Esporte Interativo te dá a chance de matar a saudade do Trio MSN nesta terça-feira, às 16h, na TNT e no Facebook do EI. É a vez de relembrarmos o Barcelona 4 x 0 Manchester City, jogo da fase de grupos da Champions 2016-17. Guardiola voltando ao Camp Nou e sendo "presenteado" com uma grande atuação dos três. Não perca!
A escolha de poupar Messi e Neymar em um estádio hostil para o Barça como Anoeta repercutiu muito no grupo. Mas nos dias que se seguiram, não foi o único tema de conversa entre os líderes do grupo e Luís Enrique. Se fosse só isso, era fácil de resolver: não poupar mais. Só que os jogadores, capitaneados por Xavi, Piqué, Iniesta e Messi, queriam mais liberdade para o Trio MSN poder “resolver” as coisas em campo.
Messi, Suárez e Neymar só tinham dois meses de entrosamento, já que Suárez só foi estrear no fim de outubro, por causa da suspensão pela mordida em Chiellini na Copa do Mundo. E, na visão dos jogadores, os três não conseguiam render por causa das exigências do sistema de Luís Enrique.
Sobre essa conversa, há um folclore grande em Barcelona. Há quem diga que foi uma “intervenção” dos jogadores no time. Mas também há a versão de que Luís Enrique entendeu perfeitamente que não conseguia extrair todo o potencial que o Trio MSN podia oferecer. A partir dali, o treinador entendeu que os três precisavam de mais liberdade para criar na frente. E que o jogo do Barça tinha que ser mais direto, sem ser tão elaborado no meio-campo, como era a herança dos tempos de Guardiola. Assim foi feito, um Barcelona bem mais “vertical” do que “horizontal”. E os resultados falam por si.
Após a derrota para a Real Sociedad, o Barcelona entrou em campo outras 35 vezes na temporada, empatou duas, perdeu duas (uma delas por 3 a 2 para o Bayern e saindo da Allianz Arena classificado) e ganhou 31 vezes. Arrancou para tirar a diferença do Real e ser campeão espanhol, ganhar a Copa do Rei e a Champions League, batendo a Juventus na decisão em Berlim. Tudo no embalo do Trio MSN imparável.
A genialidade de Messi para criar e concluir as jogadas, com a inteligência de Suárez para criar e se aproveitar dos espaços, com o poder de fogo de Neymar saindo da esquerda para uma diagonal mortal na área. Dessas 35 jogos, o Trio MSN foi poupado em um, contra o Elche, na Copa do Rei.
Nas outras 34 partidas, os três produziram 79 gols e 33 assistências juntos (Messi 35G/15A, Suárez 21G/15A, Neymar 23G/3A), além de lances que ficaram para sempre na memória de quem ama futebol. Como o antológico gol de Messi “desligando Boateng da Matrix”, as canetas de Suárez em David Luiz e o gol de Neymar que fechou a decisão da Champions. O Trio MSN foi eterno enquanto durou. E tudo começou naquela tarde amarga em Anoeta.