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Kanté! Chelsea 1 x 0 Manchester City

Clube londrino bicampeão europeu na terceira final. Guardiola perde a primeira em três decisões.

Kanté
Kanté - Michael Steele (2021 Getty Images)

Por Mauro Beting

A terceira final europeia do Chelsea desde 2008. Apenas cinco anos depois de o clube ser comprado por Roman Abramovich, que já gastou 2 bilhões de libras só em reforços como Havertz, o jovem talentoso que marcou seu primeiro gol na UCL - justo o do justíssimo título de bicampeão europeu, no Porto. Até 2003, o Chelsea tinha 10 canecos importantes desde a fundação, em 1905. Agora, desde a compra, ganhou mais 17. Vencendo o Manchester City, o meu favorito (e da maioria), que desde a fundação em 1894 tinha 9 títulos de honra. E já ganhou 13 desde que comprado em 2008 pelo Abu Dhabi Group, do sheik Mansour bin Zayed al-Nahyan. A maioria desde que Guardiola chegou há 5 brilhantes anos. Para enfim chegar à primeira decisão continental. E de novo não levar o tri europeu do treinador. Mesmo com os investimentos que o clube faz há 13 anos e já chegam a 1,7 bilhões de libras. Só em contratações. Sem contar na estrutura do clube e da formação do City Group, uma cadeia de 9 associações esportivas pelo mundo (duas delas 100% da holding).

Pep, o Pelé dos treinadores, o Guardiola dos Guardiolas, levou um City 100% no mata-mata até Portugal. Um time com 11 vitórias e um empate em 2020-21. Apenas quatro gols sofridos na Champions (como o Chelsea) até a decisão. Com um trabalho de cinco anos contra apenas cinco meses de Thomas Tuchel. Finalista em 2020 pelo PSG no mesmo Portugal. Demitido no Natal pelo PSG. Contratado em janeiro pelo Chelsea para moldar um time melhor organizado defensivamente: o capitão Azpilicueta na zaga direta, no centro da linha de três o imperial Thiago Silva que tanto merecia uma conquista como essa (até lesionar a virilha e ser bem substituído por Christensen com apenas 35 minutos no Dragão), e Rudiger muito eficiente pela esquerda - e algoz involuntário da saída de De Bruyne, aos 13 finais, depois de uma trombada na intermediária.

Trinca que ajudou o eficiente Mendy a manter sua nona meta sem gols em 12 jogos. Recorde que iguala feitos de Cañizares e Navas em outras Champions. Fora um lance de Sterling que ele se antecipou bem, aos 7, depois de mais um lindo lançamento de Ederson, nenhuma defesa precisou fazer o goleiro que estava desempregado por um ano em 2015 quando não teve o contrato renovado por um clube de terceira divisão na França.

O Manchester City chutou apenas sete bolas. Quatro delas bloqueadas pelo excelente sistema defensivo londrino. Duas pra fora, inclusive o lance mais perigoso, aos 47... Quase nada. Ainda mais para quem levou o gol do título do Chelsea aos 41min58s. Numa saída rápida e longa de Mendy (não é crime e muito menos feio saída longa de goleiro...) para Chilwell, ala-esquerdo que teve notável disposição tática para atacar menos, mas proteger seu setor de um Mahrez tímido e discreto como todo o City no Porto. A bola chegou ao melhor jogador do Chelsea na temporada. Mount. Não só por ser identificado com o clube em que atua desde os 4 anos. Não só pelo talento para armar e atacar, bater na bola também parada. Mas por não parar em campo. Ele, Pulisic, Havertz, até Timo Werner, todos os meias-atacantes mais atacantes do que meias, pontas e centroavantes do Chelsea ajudam sem a bola. Werner, por exemplo, foi essencial na blindagem a Gundogan, o volante mais à esquerda do repaginado 4-2-3-1 de Pep. Esquema surpreendente. E infeliz.

Mount foi quem achou Havertz solto pelo desatento Zinchenko, no espaço aberto por Werner - que puxou a marcação do excelente Rúben Dias, enquanto Stones flanava por algum lugar em noite infeliz como a de Pep... O alemão passou por Ederson, que, fora da área, não pôde nem usar os braços para tentar a defesa.

1 a 0 Chelsea.

Justo para quem teve quatro lances perigosos no primeiro tempo, e teria mais um com Pulisic na segunda etapa. Contra apenas dois do City no primeiro tempo, e mais duas chegadas no final. Ambas depois dos 30. Quase nada para um time que teve a bola como se esperava (60%), mas pouco criou. E não apenas pela sólida barreira do 3-4-2-1 do Chelsea nas poucas vezes em que atacou (muito bem), e também no 5-2-3 sem ela. Quando não mesmo um 5-2-3-0 em bons pedaços do segundo tempo, quando Havertz, Werner e Mount estavam bem atrás na intermediária.

Inegáveis méritos de um time que sabe ser reativo – E NÃO POR FALTA DE REPERTÓRIO, MAS POR PROPOSTA DISCUTÍVEL DE JOGO. Mas também por mais uma escolha que parecia ousada e bastante discutível de Guardiola, e que acabou mesmo sendo apenas infeliz e improdutiva do treinador genial.

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Quem sabe até demais...

Tirando Gundogan do usual tridente do meio onde ele atua como um dos meias (e é o artilheiro do time na temporada com 17 gols...), e o colocando como um dos volantes ao lado do outro meia apagado Bernardo Silva, Guardiola quis ficar ainda mais com a bola, criar ainda mais, pisar mais na área bem povoada pelo Chelsea. Mas as atuações individuais não funcionaram. O time não encaixou. A bola foi pouco trocada. Os passes não saíram. Não rolou.

Abrir o sistema com cinco atrás do Chelsea e os colossais Jorginho e Kanté á frente deles não era fácil. Também por isso a escolha por Sterling aberto à esquerda. Mahrez na dele pela direita. E Foden ou De Bruyne como “falsos 9”. Guardiola já havia atuado com os três na frente na temporada. Apenas três vezes. A paulada sofida do Leicester por 5 a 2 em setembro passado (com Sterling centralizado); os 5 a 0 em janeiro no West Brom (Mahrez jogou por dentro); e o 4 a 1 no Liverpool – com a mesma disposição da trinca que atuou no Porto.

Mas é dever dizer que, de fato, até a saída do discretíssimo De Bruyne por lesão no rosto, o belga foi o “centroavante” por mais tempo. Até metade do primeiro tempo foi ele quem estava (discreto) enfiado e anulado pela zaga do Chelsea, sem produzir nem entre as linhas. Bastou trocar com Foden que era o meia-central do 4-2-3-1 aos 23 para sair uma coisa boa. Mas só essa. Nem ele e nem o inglês mais promissor da excelente geração conseguiram muito mais.

Quando foi mexer na equipe para escalar o artilheiro histórico do clube em seu ultimo jogo pelo City, Pep e Aguero pouco fizeram. Até por ser tarde em todos os sentidos. O time pareceu mais confuso do que já estava e foi pouco Guardiola. Ou muito dele e do City em doloridas eliminações recentes. Quando ao menos jogou mais e criou muito mais. Perdeu algumas chances incríveis. Pode até reclamar de uma e outra decisão do árbitro. Falhas impensáveis individuais atrás.

Mas, desta vez, foi uma Blue Moon eclipsada pelo azul do Chelsea. E pelo rival mais uma vez jogar com 14.

Com três Kantés.

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