La Fúria é Roja parte 7 - A Espanha campeã mundial em 2010, 2 x 1 Chile
A vitória que classificou a Espanha em primeiro lugar no grupo. E evitou o confronto que ninguém queria dos dois lados: Brasil x Espanha, já nas oitavas na África do Sul.
Por Mauro Beting
O Chile de Marcelo Bielsa era mais um time do Loco e brilhante treinador que uma seleção chilena. Atacava como se não houvesse amanhã, e perdia como em tantos anos chilenos. Para o jornalista André Rocha, “o Chile novamente pecou pela desmedida volúpia ofensiva e a movimentação intensa que expõe a retaguarda e não é compensada pela efetividade do ataque”.
A Espanha era mais sábia e sabida. E tinha Casillas na meta. Não um goleiro Bravo que expôs ainda mais a sua meta ao sair de qualquer jeito numa bola que não era dele, ao dividir com Torres fora da área, e dar o gol inicial a Villa; de longe, com a destreza e frieza que rimam, o neobarcelonista tocou por cobertura e abriu o placar, tornando-se o maior artilheiro espanhol em Mundiais. Gol que saiu aos 23 minutos, quando o Chile mais atacava e criava. Até Valdivia perder a bola que Xabi Alonso lançou para Torres, Bravo dividiu com ele fora da área, e a história foi feita. “Talvez não tivéssemos ganho o jogo se o gol de Villa não tivesse saído aquela hora”, disse Iniesta, escolhido na votação da Fifa como o melhor da partida onde, mais uma vez, Villa foi decisivo. Para não dizer o melhor em Pretória.
O Chile até tentou mudar a marcação, usando algo próximo a um 4-3-3. Mas acertou mais as canelas rivais que a bola. Sem o artilheiro Suazo em boas condições, com Valdivia normalmente longe da área, pouco criou o bom time chileno contra uma Espanha que variou taticamente do 4-2-3-1 a um esquema 4-1-3-2, com Villa (corretamente) mais próximo do ainda sem ritmo e sem bola Torres.
O Chile criou poucas chances. Ou, no primeiro tempo, apenas as letais para os rivais. Aos 36, outra bola mal jogada pelo time chileno, desta vez por Jara, criou o contragolpe bem executado por Iniesta (recuperado das dores musculares), em passe preciso de Villa. Para piorar, num erro do árbitro mexicano Marco Rodríguez, o volante chileno Estrada foi injustamente expulso, depois de tropeçar em Niño Torres, justamente no lance do gol de Iniesta.
Bielsa mudou dois nomes e, com dez, adotou um 4-2-3 na etapa final. Villar diminuiu o placar aos 2 minutos. Mas o ritmo também foi caindo. A Espanha ficou na dela, e gastou o tempo com o que tem de melhor: o passe. Mas sem tanto objetividade. As entradas de Fábregas e Javi Martínez (Athletic Bilbao) na armação qualificaram o time.
Ao final das contas, com o medíocre empate entre suíços e hondurenhos classificando espanhóis e chilenos, as equipes se ajeitarem e se ajustaram num segundo tempo sem muita graça. Fazendo o suficiente a Espanha para se classificar e fugir do Brasil, deixando o azar para os chilenos. Para sorte dos europeus. E dos brasileiros.
“Nós sentimos a qualidade do rival e o desgaste. O jogo foi muito difícil até o final”, tentou despistar Del Bosque. Ou exagerar. O fato é que a lógica havia entrado em campo no grupo. A Espanha conseguira o primeiro lugar aguardado. Mas com um futebol ainda abaixo do esperado.