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Mano Menezes sai minúsculo do Maracanã

Ex-treinador do Bahia teve uma postura grotesca ao ridicularizar uma acusação de racismo diante do meia Gérson

Por Vitor Sérgio Rodrigues

O técnico Mano Menezes tem todo o direito de, diante de uma acusação de racismo, acreditar no seu jogador, no atleta que convive com ele diariamente, no caso, o meia-atacante Índio Ramirez. Mas, em hipótese alguma, ao ser informado de uma acusação de racismo, Mano poderia ridicularizar a pessoa que acusa, a vítima. Foi exatamente isso que o ex-técnico do Bahia fez no gramado do Maracanã. Mano Menezes sai desse episódio manchado.

A acusação de Gérson a Índio Ramirez, no princípio do segundo tempo, caminhava para ser mais uma (infelizmente) dentro de um jogo de futebol. Gérson afirma que Ramirez falou “Cala a boca, negro!” para ele. Sabemos agora, via nota oficial do Bahia, que Índio Ramirez nega ter dito. A arbitragem em campo (árbitro principal, auxiliares e quarto árbitro) se pronunciou na súmula dizendo que não viu nada. Logo, o caso seria a palavra de um contra a palavra de outro. Até Mano Menezes participar do episódio.

As câmeras do Premiere nos trouxeram o áudio do diálogo entre Gérson e Mano Menezes à beira do campo. Ouvido a interação dos dois, fica claro que Gérson disse para ele que foi chamado de “negro”. A reação de Mano foi automática: ridicularizar a acusação, equiparando-a a “malandragem”. Não há o que se minimizar no caso. Mano tratou uma acusação séria como “choro de perdedor”, como se fosse algo que Gérson estava fazendo para levar vantagem. Grotesco.

Mas não parou por aí. Depois de ridicularizar uma acusação de racismo, Mano passou a querer desestabilizar Gérson emocionalmente e trouxe a série de confronto do meio do Flamengo com Daniel Alves nos jogos contra o São Paulo. Quis atacar dizendo que Gérson nada fez quando foi dominado por Daniel Alves. Disse que Gérson “merecia levar bico de Daniel Alves”. Ao fazer isso, equiparou a revolta por uma acusação de racismo a uma disputa limpa dentro do campo, que foi elogiada pelos dois atletas envolvidos nela após as partidas. E levou uma respota à altura de Gérson, que lembrou sempre ter sido respeitado por Daniel Alves...

A atitude automática de Mano Menezes nos traz a reflexão de como parte da sociedade encararia a gravíssima acusação de Gérson caso o Flamengo tivesse perdido a partida. Se o 3 a 2 a favor do Bahia tivesse permanecido no placar, tenho a convicção de que a denúncia de Gérson seria encarada como “choro de perdedor” num jogo importante. É mais um caso em que uma acusação de racismo é relativizada, tratada um "veja bem", em vez de ser valorizada. Acontece todos os dias na nossa vida.

Há algumas semanas Mano Menezes saiu do Maracanã com o rótulo de desequilibrado ao reclamar de forma desproporcional com o árbitro do jogo Fluminense x Bahia e de grosseiro ao se recusar a cumprimentar o (então) técnico do Flu Odair Hellmann. O próprio técnico, dois dias depois, reconheceu seus erros e pediu desculpas. Agora, Mano sai do Maracanã após uma atitude pior. Mano deixou o Maracanã neste domingo minúsculo.

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