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Messi veio do satélite do planeta onde criaram Pelé

O argentino é o Pelé do século XXI. Pelé é o Pelé do futebol 

Messi é o Pelé do século XXI
Messi é o Pelé do século XXI - Manu Fernandez

Por Mauro Beting

Neymar faz quinta-feira o jogo 100 pelo Brasil desde que Mano Menezes o convocou na estreia do treinador pela Seleção, em agosto de 2010. No mínimo com seis meses de atraso. Porque Neymar tinha que estar entre os 23 chamados por Dunga para a Copa na África do Sul. E talvez já estivesse superando Pelé como goleador absoluto canarinho desde 1914.

Capaz de até o segundo jogo do time de Tite em Singapura o Messi já ter também superado o ET de Três Corações e mais de mil gols. Entre oficiais, amistosos e jogos até pela seleção do Exército. Contas discutíveis a respeito de alguém indiscutível.

Como Messi. O Pelé deste século. Gênio que veio de um satélite do planeta de onde Ele veio para jogar pelo Santos.

Messi deve superar Pelé em gols em partidas OFICIAIS ainda nesta temporada. Isto é: “apenas” contando gols na Liga Espanhola, Copa do Rei, Champions, Mundiais, Supercopas, jogos valendo da Argentina.

Um monstro. O melhor terráqueo da história. Ou, tá legal, vizinho de galáxia Dele.

Mas não minimize os mais de 1.200 de Pelé. São outros 500. Outra época. Outro jogo. Sem mimimi. Mas muito Messi. E muito mais Pelé.

O Santos precisava correr o mundo atrás da bola que ia atrás de Pelé para O manter na Vila. Não havia tantas copas e torneios. Os campeonatos nacionais no Brasil para o Santos (que foi penta) não passavam de cinco jogos na Taça Brasil (1959-1968), e eram pouco mais de 20 no Robertão (1967 a 1970, que Ele ganhou em 1968 ). Brasileirão mesmo, com mais partidas, ele jogou de 1971 a 1974. E os estaduais eram quase sempre mais importantes até que o Rio-São Paulo. Ou os campeonatos de seleções estaduais.

Não tinha Data Fifa. A Seleção jogava bem menos. A não ser em anos específicos, com alguma turnê pela Europa. Mas também era menos.

Jogavam-se menos jogos. Na média, com a permissão do anacronismo, jogava-se mais futebol.

Outra época. Sempre comparação incomparável. Mas que sempre merece discussão. Inclusive quando se fala que Pelé jogava amistosos demais. E jogava demais também neles. Porque era o calendário da época. Não era culpa dele. Apenas responsabilidade. Ele e o Santos ganhavam mais dinheiro com Ele em campo. Complexo assim. Eram menos torneios, maiores distâncias. Menos jogos oficiais onde se jogava - ou se corria - menos.

Outros tempos. Se Rodrygo já está no Real Madrid antes dos 18 por 50 milhões de euros, por quanto sairia Pelé que não quis sair de 1956 a 1974?

Claro que o mundo o quis. A Itália não podia mais por fechar portas a estrangeiros entre 1966 e 1980. Mas quis antes. Espanha sempre quis. Leis britânicas proibiam. E o dinheiro não jorrava tanto no jogo. Talvez hoje a cabeça de Pelé fosse outra. Quem sabe Ele aceitasse as propostas irrecusáveis de agora como disse não às irrecusáveis de então.

Não sabemos. Mas Pelé também queria jogar com os bambas. Na média, os melhores jogadores do mundo atuavam aqui. O Brasil tricampeão de 1958 a 1970 inteiro jogava Taça Brasil e Robertão. Não La Liga ou Premier ou Série A que tinham outros nomes. E outros craques.

Mas é muito provável também que Pelé seria ainda mais Pelé hoje. Mais atleta ainda pela condição natural e aplicação invejável. Mais alto e forte e ágil e resistente pela natural evolução humana. Mais protegido pela arbitragem e pelas câmeras (o que evitaria os revides dele que também quebraram perna e joelho de rivais).

Todas as marcas individuais atléticas evoluem. Imagine Pelé nascido em 1990. No ano em que de fato fez 50 e ainda jogou pelo Brasil em Milão. Pelé hoje com quase 29 anos como teve de fato em 1970.

Onde jogaria? Com quem? Com quantos gols estaria?

Messi (que vem de um satélite do planeta onde planejaram Pelé) e Cristiano Ronaldo (o mais focado e objetivo atleta que já jogou futebol a ponto de se discutir seu tamanho com indiscutíveis) são absurdos e espetaculares desde 2007. As temporadas menos brilhantes deles são geniais. De um nível sensacional e de de uma regularidade espantosa.

São melhores e maiores do que Ele? Não.

Questão de gosto. Mas desgosto quem os minimiza por isso. Ou os desvaloriza pela comparação com cada vez mais cabimento. Não é sacrilégio colocá-los na mesma pista de dança.

Messi também nasceu Messi desde que chegou em 2000 a Barcelona. Cristiano tem imenso mérito porque não era Ronaldo nem no Sporting e até mesmo no início no United. Virou mesmo esse absurdo na
última temporada por lá, há 11 anos. E não parou mais.

Pelé sempre teve times históricos ao lado e em torno. Cresceu no Santos bicampeão paulista de 1955-56. Fez 58 gols no SP-58. Jogou com Pagão, Pepe, Zito, Coutinho, Mengálvio, Mauro, Gilmar, Dorval, Calvet, Aírton, Carlos Alberto, Edu, Toninho Guerreiro, Clodoaldo, Djalma Dias, Ramos Delgado, Rildo, Cláudio, Joel Camargo, Cejas, Manoel Maria, Jair da Costa, Cláudio Adão. Na Seleção, também foi tudo porque tabelava com Garrincha, Didi, Nilton Santos, Djalma Santos, Mauro, Gilmar, Mauro, Zito, Dino Sani, Dida, Coutinho, Vavá, Pepe, Zagallo, Amarildo, Julinho, Gerson, Jairzinho, Tostão, Dirceu Lopes, Ademir da Guia, Rivellino, Caju. Talento e entrosamento.

Messi cresceu no melhor Barcelona e o maior time que vi desde que vejo futebol a partir de 1972. Cristiano desde o United tem equipes de excelência como ele.

Ambos, dever dizer, também têm rivais de ótimo nível. Na média, provavelmente, adversários de maior qualidade que os enfrentados por Pelé.

Mas jamais subestimem os rivais do interior de São Paulo que Pelé enfrentou de 1956 a 1974. E zagueiros e volantes a marcá-lo pelo Brasil como Mauro, Bellini, Orlando, Zózimo, Jurandir, Aldemar, Aírton, Jadir, Formiga, Calvet, Altair, Djalma Dias, Ditão, Leônidas, Brito, Carabina, Procópio, Fontana, Baldochi, Scala, Luís Carlos, Luís Pereira, Perfumo, Ancheta, Reyes, Marinho Perez, Alfredo Mostarda, Vantuir, Amaral, Oscar, Abel, Figueroa, Roberto Belangero, Dino Sani, Dudu, Carlinhos, Zequinha, Denilson, Piazza, Roberto Dias, Carlos Roberto, Edson, Zé Carlos, Carbone, Tovar, Carpegiani.

Gente ótima. Alguns que seriam ainda melhores hoje. Maiores. Outros não. Porque futebol também depende do tempo e do timing e do time.

Pelé, Messi e Cristiano e poucos mais, não dependem. Criam dependência. Não como drogas. Como Pelé, Messi e Cristiano. Sem contraindicações e efeitos colaterais. Apenas efeitos especialíssimos.

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