Por Mauro Beting
O chefe pediu para escrever o que eu não sei se deveria escrever. E sei que a revista PLACAR colocou na capa por dar a mesma repercussão que esta discussão levanta:
"Neymar é o melhor jogador brasileiro depois do ET Pelé"?
Não falamos em qualidade, mas cronologicamente. Garrincha é outro ET de outro esporte. Domingos da Guia, Leônidas da Silva, Zizinho, Didi e Nilton Santos são outros monstros e mitos. OK, são outros monstros, para não ferir suscetibilidades à minha esquerda e à direita deles.
Mas partindo de 1956, quando Pelé começou a pelezar, o Brasil produziu pé-de-obra qualificadíssimo. Não por acaso pentacampeão mundial. Como Rivellino, ídolo de Maradona. Mais não preciso dizer. Como Zico, artilheiro máximo do Maracanã, máximo ídolo rubro-negro e não só do Flamengo.
Falcão, o melhor colorado, dos 11 mais elegantes de todos os campos e tempos. Cerezo, o mais deselegante craque do Galo que ainda teve Reinaldo. Como o Cruzeiro teve Tostão e Dirceu Lopes. Meus deuses.
Sócrates, doutor honoris craque. Careca, o melhor parceiro de Maradona. Romário, gênio da grande área, uma vez craque da Fifa, essencial no tetra. Ronaldo Fenômeno, três vezes o best, essencial no penta. Ronaldinho Gaúcho duas vezes melhor do mundo. Kaká, uma vez. Como Rivaldo, que esteve entre os três melhores de duas Copas seguidas, e foi o melhor em 1999.
Não cito goleiros como Leão, Taffarel, Marcos, Dida e Rogério Ceni. Mas todos campeoníssimos e craques no ofício.
Grandes zagueiros tivemos. Mas fica difícil estar entre tantos bolões e campeões e craques e ídolos.
Todos eles com grandes parcerias. Pelé com Coutinho e Pepe no Santos, e Garrincha e Didi pelo Brasil. Rivellino com Pelé e Tostão e Gérson e Jairzinho Furacão em 1970. E com Carlos Alberto e Clodoaldo ainda. Rivellino com Zico. Zico com Sócrates e Falcão e Cerezo. Careca com Zico e Sócrates. Careca e Muller. Bebeto e Romário. Ronaldo e Bebeto. Romário e Ronaldo. Ronaldo, Rivaldo e Ronaldinho Gaúcho. Ronaldo e Adriano e Kaká e Ronaldinho Gaúcho. Kaká e Robinho.
Neymar e... E...
E quem próximo do nível dele e desde cedo?
Claro que tem ótimos parceiros. Coutinho. Firmino. Gabriel Jesus.
Mas alguém tão próximo dele como todos os suprassumos acima citados desde Pelé e Garrincha?
Neymar está léguas à distância dos companheiros e concorrência na década que passou. Não parece ter um parça em campo para chamar de Tois.
O que talvez diminua as conquistas. Mas não os feitos.
Ele ultrapassou em números absolutos Ronaldo na artilharia histórica da Seleção. Deverá ultrapassar Pelé nas contas oficiais (sem amistosos contra clubes e selecionados locais ou combinados). Como quase todas as seleções hoje têm artilheiros históricos em atividade pelas partidas a mais no calendário se comparado há 30 anos.