O Brasileirão que ninguém quer ganhar
Tropeços, trocas de liderança e instabilidade. A turma que luta pelo título em 2020 sofre com o calendário e o equilíbrio de um campeonato maluco
Por Bruno Formiga
É claro que todo mundo quer ser campeão brasileiro. O título deste texto é apenas uma provocação para mostrar que patinar tem sido uma constante até para os melhores times. Ninguém está seguro. Ainda mais com um calendário que destrói elencos - e, consequentemente, a qualidade dos jogos.
Levantamento do Globoesporte.com recentemente mostrou que as lesões aumentaram 77% pós-querentena. A volta do futebol já tirou de campo quase 300 jogadores. Fora a galera que fica ausente por covid-19 (só na última rodada foram 47 atletas ausentes por resultado positivo no exame de rotina).
Um jogo atrás do outro, sem tempo de recuparação e de treinamento adequados. Entre agosto e outubro, por exemplo, a quantidade de partidas aumentou 33% em comparação a 2019.
Não tem milagre.
Resultado disso são equipes sem sequência, sem intensidade, sem volume. Obviamente, sem segurança.
A liderança, assim, vai mudando de mãos toda hora. E os tropeços dos candidatos a títulos parecem não ter padrão algum. É gente perdendo pontos para a galera da parte de baixo e de cima da tabela. Adversários mais fracos e mais fortes. Não importa.
Tem muito time, na real, perdendo pontos pra si próprio.
O Flamengo é um que já deixou pontos pelo caminho para todos os perfis de adversário. O mesmo vale para o Atlético-MG, que costuma até a falhar contra times teoricamente mais frágeis que ele. O mesmo tem acontecido com o Internacional.
Já o São Paulo aparece como um caso diferente. É o time que menos perdeu no Brasileirão. Porém, é aquele, no meio da galera que mais ficou na liderança e/ou no G-4, que mais empatou. Pontos que escorregaram pelos pés em momentos bem distintos da competição.
Ainida sim, no melhor dos mundos, o São Paulo ainda pode abrir sete pontos de vantagem em relação ao vice-líder quando compensar os três jogos atrasados que precisa fazer. Isso sem contar que tem a melhor defesa do Brasileiro e não tem mais outra preocupação na temporada - assim como o Galo.
Outros podem chegar. Palmeiras, Fluminense, Santos, Grêmio. O problema é que esses também já falharam lá atrás. E têm gordura pra tirar, principalmente se o São Paulo vencer os três jogos atrasados.
Resumindo: 2020 é um ano em que o campeão vai ser um sobrevivente.