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O gol de placa de Pelé

E também o gol de placa do meu pai. O gol que rendeu o nome do nosso programa na TNT SPORTS

A placa do Gol de Placa de Pelé
A placa do Gol de Placa de Pelé

Por Mauro Beting

Maracanã, 5 de março de 1961. Torneio Rio-São Paulo. Exatos 60 anos. Naquela tarde de domingo, o Fluminense recebeu o Santos de Pelé, campeão paulista de 1960. Um a zero para a equipe paulista até Pelé receber a bola de Dalmo, ainda na intermediária santista, aos 38 minutos do primeiro tempo. A partir de então, sem as imagens perdidas até mesmo na edição do “Canal 100” de Carlos Niemeyer, as versões se contradizem: alguns que estavam entre os mais de 50 mil presentes ao estádio dizem que foram quatro adversários superados a dibles pelo Rei do Futebol; outros, até sete jogadores do Fluminense, ou mesmo seis (um deles teria sido driblado duas vezes).

Mas todos sabem o que aconteceu ao final da jogada sensacional: Pelé entrou na área do Tricolor carioca ladeado pelo parceiro de sempre Coutinho, e chutou de pé direito na saída do goleiro Castilho, na meta à direita das cabines de rádio do estádio.

Então, todos concordam. Foi um gol espetacular. Quase dois minutos de aplausos em pé de todo o estádio. Os torcedores do Fluminense, também. E até atletas rivais, como declarou o zagueiro Pinheiro, ao jornal “O Globo”:

- Se estivesse na plateia, eu também bateria palmas para o segundo gol de Pelé.

O árbitro Olten Ayres de Abreu teve vontade de aplaudir:

- Eu tive de me segurar. Nunca vi nada igual antes e nem depois no futebol.

Pepe marcou mais um, o Fluminense faria o dele, e o clássico acabou 3 a 1 para o Santos.

Na segunda-feira, redação de “O Esporte”, na rua Barão de Iguape, em São Paulo, o jornalista Milton Galdão falava maravilhas do gol a que assistira no Maracanã ao seu jovem colega com quem assinava a coluna “Tim Tim por Tim Tim”. Joelmir Beting era o seu colega. O jovem jornalista o ajudou a escrever a coluna do dia seguinte elogiando o gol magnífico, e contando a repercussão na imprensa carioca, e mesmo nas ruas do Rio, de mais um lance de Pelé de Pelé.

Na terça-feira, Joelmir teve a ideia que dividiu com o secretário de redação do jornal, Walter Lacerda: homenagear o gol com uma placa oferecida pelo diário. Na edição de quarta-feira, 8 de março, a primeira página trazia a informação: “Por iniciativa de ‘O Esporte’, placa no Maracanã para comemorar o gol de Pelé”.

Joelmir foi até uma loja que ficava próxima da Praça da Sé (centro de São Paulo), na rua Wenceslau Braz, para encomendar a placa de bronze. “Paguei com meu dinheiro, e teve desconto porque o dono da loja viu que era para o Pelé, e para o Maracanã. O jornal, porém, nunca me ressarciu por algo que não tem mesmo preço”.

No balcão mesmo da loja ele escreveu o texto impresso na placa, na linguagem esportiva da época:

“Neste campo, no dia 5-3-1961, Pelé marcou o tento mais bonito na história do Maracanã”

Então, o “maior do mundo” era mesmo o maior do mundo ,e tinha apenas 10 anos da inauguração).

A intenção era que a placa ficasse pronta até sexta-feira, para que pudesse ser dada a Pelé no fim de semana seguinte, quando o Santos voltou ao Maracanã para vencer o Flamengo por 7 a 1, com novo show de Pelé.

A placa não ficou pronta a tempo. Apenas em 13 de abril de 1961 o Santos voltou ao Maracanã, no clássico contra o Vasco. No vestiário, o presidente da Federação Paulista de Futebol, João Mendonça Falcão, entregou em nome do jornal a placa a Pelé. O irmão do Rei Zoca (que também jogava pelo Santos) estava ao lado do Rei, além do vice-presidente do Santos (Modesto Roma), do diretor de futebol do clube Coronel Osmar, e do superintendente da CBD Mozart di Giorgio.

Antes da partida, Pelé a recebeu. No jogo, não pôde fazer muito. O Vasco venceu por 2 a 1.

Desde então, com a repercussão da placa que ficou exposta no saguão de entrada do Maracanã, a cada gol bonito no estádio, ou mesmo em outros lugares, os locutores de rádio e televisão começaram a dizer que aquele golaço “também merecia uma placa igual a de Pelé no Maracanã”.

Cada golaço também seria um gol que valeria placa em homenagem.

Um “gol de placa”.

Joelmir e o jornal “O Esporte” não criaram a expressão “gol de placa”. Mas criaram em sete de março de 1961 a placa do gol marcado dois dias antes.

Trinta e oito anos depois...

1999: Pelé voltava dos Estados Unidos para o Brasil quando leu no avião, na revista “Veja”, algo que não sabia: o autor da ideia do placa do Gol de Placa de 1961 era Joelmir Beting, então comentarista de Economia da TV Globo, e colunista de mais de 50 jornais.

Logo depois, o Rei e a produção do filme “Pelé Eterno” e a do programa “Fantástico”, da TV Globo, combinaram uma surpresa que Joelmir só descobriria ao chegar no escritório do Rei, no Itaim-Bibi.

Quando entraram na sala de Pelé, JB foi surpreendido com as câmeras e o discurso do Rei:

- Eu gostaria de te dar uma lembrança desde o meu aniversário, em 23 de outubro. É esta placa... Deixa eu ler o que está escrito: “ao Joelmir Beting, idealizador da placa do ‘Gol de Placa’, o reconhecimento de quem fez o gol. Minha gratidão por essa homenagem eterna”.

Abaixo do texto, à esquerda da placa ofertada por Pelé, estava escrito “Rio de janeiro, 5 de março de 1961”, e, à direita, “Santos, 23 de outubro de 1999” – aniversário de 59 anos de Pelé.

Joelmir gravou o depoimento para o “Fantástico” logo depois de receber a placa:

“Sempre sonhei conversar com o Pelé a respeito do Gol de Placa. Mas jamais na minha vida poderia imaginar receber dele uma placa por isso. É o maior prêmio da minha carreira. Único como foi único o Gol de Placa”.

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