O pegador de Gdansk - Villarreal 1 x 1 Manchester United (11 x 10)
Villarreal campeão da Europa League. Unai Emery tetracampeão da competição.
Por Mauro Beting
87min58s em Villarreal (ou Vila-real - como os moradores chamam oficialmente, em valenciano). Pênalti bem discutível marcado para o time da casa no jogo de volta da semifinal da Champions de 2006. O Arsenal vencera em Londres por 1 a 0. O empate sem gols garantia o time inglês na decisão em Paris contra o Barcelona.
Pênalti para o Submarino Amarelo. A melhor surpresa da edição de 2006. Riquelme na bola. Possivelmente o melhor jogador da história da Libertadores pronto para fazer a dele também na Champions.
89min13s. Riquelme manda a bola no canto esquerdo. Lehmann acerta e espalma a cobrança mal feita pela craque argentino.
O jogo acaba logo depois. O estádio aplaude. O Villarreal foi gigante.
No momento do pênalti, o brasileiro naturalizado espanhol Marcos Senna estava com as mãos na cintura aguardando a cobrança. O volante ficou imóvel depois do tiro perdido. Mas logo correu atrás da bola para tentar o que não poderia mais.
Riquelme nunca mais reviu o lance.
Mas ele estava vendo na Argentina em 2021 a final da Europa League, em Gdansk. Entre o time da menor cidade campeã de um torneio europeu contra o Manchester United favorito.
Ele viu a disputa de pênaltis depois do empate em 120 minutos.
Ele e Marcos Senna, agora diretor esportivo do Villarreal, no dia do jogo mais importante em 98 anos do clube espanhol. O da sua primeira conquista em grande nível. A que não foi possível ser em 2006 pelo pênalti falhado.
Justo nos pênaltis.
Com o goleiro reserva que não havia ainda defendido um pênalti.
Gerónimo Rulli. Argentino de La Plata. Um ano atleta do Manchester City em 2016-17.
Rulli acertou o primeiro canto. Mas não deu. No terceiro pênalti batido por Bruno Fernandes, Rulli chegou a tocar na bola. Não deu. Fred fez o sexto gol. A terceira vez que Rulli acertou o canto e ainda relou na bola. Não deu. Shaw bateu no chão. Rulli não segurou a bola que passou por cima dele. 8 x 8!
Pau Torres bateu no ângulo e fez 10 x 9 Villarreal. Há 15 anos ele era um garoto que chorava na arquibancada de Villarreal aquele pênalti do Riquelme que não levou a partida à prorrogação.
Lindeloff bateu e fez o décimo gol do United. Foi o quinto pênalti em que Rulli acertou o canto. Também resvalou na bola. Mas de nada adiantou. Nem pra estatística entra.
Foi a vez de Rulli bater o dele. Parecia um tiro de meta. Mas entrou bonito no canto alto esquerdo de De Gea.
11 x 10.
Era a vez de De Gea. Não bateu mal no canto esquerdo. Rulli que foi bem e espalmou.
Bola no mesmo canto em que Riquelme...
Bola no mesmo canto em que Rulli agora mudou a história da pequena Villarreal.
Do gigante Villarreal.
11 x 10.
Mas eram 11 mesmo contra milhões do United. De histórias, craques, torcedores e euros.
Pênalti não é loteria.
Mas Rulli e os de Villarreal ganharam um prêmio ainda maior