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Perdemos a chance

Árbitro inglês chega à marca histórica e deveria ser exemplo no Brasil

Por Péricles Bassols

Mike Dean - 500 jogos na Premier League
Mike Dean - 500 jogos na Premier League

Na última rodada do campeonato inglês, o árbitro Mike Dean completou incríveis 500 jogos com o uniforme na partida entre Arsenal 1 x 1 Sheffield United. Isto apenas na Premier League.


Para que possamos entender a grandeza deste feito, Arnaldo César Coelho é, até hoje, o detentor do recorde no Brasil, com 350 jogos na Série A em quase 25 anos de carreira.

Eu, por exemplo, fiz 139 jogos na elite, em 12 anos.


Mas os números do árbitro inglês não seriam possíveis sem uma política enxuta de escalas por parte da gestão dos árbitros que conduz a principal competição do país com 20, no máximo 30 árbitros, todos designados para o alto nível de exigência daquela liga.


Dean chega aos 500 jogos com 51 anos, o que mostra como nós perdemos a oportunidade de fomentar entre os árbitros, aqui no Brasil, o mesmo desempenho e dedicação. Chegar a esta idade treinando o que é preciso para estar na elite e desempenhando no campo uma arbitragem segura que lhe permita sequência, não é algo fácil.


No Brasil, neste último campeonato brasileiro de 2019, apenas um dos árbitros acima de 45 anos, mais precisamente aos 48, conseguiu se manter em alto nível. E, na minha opinião, ainda foi o melhor árbitro da competição.


É verdade que tínhamos apenas dois nesta situação: Marcelo De Lima e Heber Roberto Lopes. Apenas de Lima chegou ao final da competição sendo escalado e tendo, inclusive, recebido o jogo mais difícil na última rodada- Cruzeiro x Palmeiras.


Temos poucos árbitros nesta faixa etária. No início dos anos 2000 o mundo entendeu, e no Brasil não foi diferente, que deveria haver uma renovação de idade (eu fiz parte desta renovação).


A ideia era ter árbitros mais perto das jogadas e errando menos. Esquecemos de pensar naquele cara que chegaria aos 45 anos de forma atlética e bem condicionado o que é muito comum hoje entre os atletas e seria normal que acontecesse entre os árbitros também.

Teríamos, ainda, mais um elemento positivo: na nossa função, a maturidade, tão importante para tomada de decisões, é naturalmente maior e melhor desenvolvida com o passar dos anos.


Bingo!!! O árbitro acima dos 45 anos, bem condicionado e com muitas vivências era agora a "fórmula" perfeita. Eis que a Fifa, após a Copa de 2014 no Brasil, mudou a "aposentadoria" do homens de preto. Desde que ele estivesse em algum projeto para ser usado em competições internacionais e cumprisse as exigências físicas, poderia continuar. Assim, a entidade máxima deixou que as confederações e federações deliberassem sobre o tema em suas respectivas realidades.


Alguns aproveitaram esses árbitros e outros insistem em não usá-los, ou pior, não estimulá-los. Apesar de a CBF ter permitido que eles continuassem atuando, acho que perdemos a chance de estimular outros árbitros a continuar em alto nível.


A eleição do Marcelo de Lima como melhor árbitro da última competição nacional seria um marco e faria muito bem ao futuro da nossa arbitragem. Dizem que ele ficou em segundo na escolha em que Wilton Sampaio foi eleito o melhor.

Se for verdade, perdemos mais uma vez a chance de divulgar este "prêmio" e incentivar os árbitros a fazer o que De Lima vem fazendo, não só por ele, mas pelo futebol e pela arbitragem brasileira.

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