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Pra cá de Marrakech: Marrocos 0 x 0 Espanha (3 x 0)

Mais uma linda história de amor pelo futebol, e de paixão doentia pela bola.

Por Mauro Beting

SOLTA A BOLA, CARA!!!

Talvez só eu me entusiasme mais com minha cadelinha do que a imprensa espanhola com La Roja. Talvez apenas a minha cachorra se desaponte mais comigo do que os espanhóis quando são eliminados sem marcar nos pênaltis contra os bravos de Marrocos.

E, certamente, ninguém tem relação quase tóxica com a posse de pelota.

O time de Hakimi soube ser mais eficiente. Quase cínico em jogo arrastado com apenas quatro chances africanas e cinco europeias - em 120 minutos. Cada vez o Marrocos parece ser como o lateral do PSG. É melhor sendo mais ofensivo. Sem comprometer tanto taticamente sem a bola. Mas totalmente comprometido com a raiz dele.

Achraf chegou a treinar quando jovem na cidade desportiva de Las Rozas, onde se prepara a seleção espanhola. “Não era o meu lugar adequado. Não me sentia em casa”, disse antes de vencer a Espanha onde nasceu, ao diário MARCA. “Não era nada concreto. Mas não era o que eu tinha sentido sendo criado em casa. A cultura árabe que aprendi. Como ser marroquino. Eu queria mesmo era jogar pelo Marrocos”.

E como jogou.

E como viu a Espanha jogar a bola do goleiro (que não sabe jogar com os pés) ao lateral ao meia ao pivote ao centroavante ao rei ao Almodóvar a Tokyo ao Julio Iglesias ao goleiro de novo até levar os gols da virada do Japão. Até bater os recordes de toques na bola e irritação pela improdutividade do jogo de posse de tudo e de passe para nada. Não necessariamente de passaporte para a vitória.

Não sou resultadista. Mas não tem como obter bom desempenho com a troca de bola tão inerme e inerte como só espetar e esperar que Morata seja o goleador. É pouco. Como voltou a ser Asensio. Como já não foram tanto Dani Olmo e Ferran pelos lados. Como serão demais os monstros Pedri e Gavi. Mas ainda são jovens demais. Como o grupo de 20 estreantes em 26 de Luís Enrique. Elenco de qualidade. Talvez preparado para voltar a ganhar a Copa. Desde que fosse em 2023.

Não em 2022.

E ainda menos para a Espanha que mereceu o título de 2010. Merece muitos elogios pela evolução de sua escola. Pelo gosto que dá em muitos jogos.

Mas, dever citar, desde o gol campeão de Iniesta para o vencedor com menos gols marcados em Copas em um Mundial medíocre como 2010, La Roja ganhou apenas da também eliminada Austrália em 2014, na última rodada da fase de grupos. Venceu o Irã por 1 a 0, em 2018. E goleou este ano a lanterna Costa Rica, na estreia.

Só. Três vitórias em 11 jogos de Copas desde 2010.

No século, em mata, passou pela Irlanda nos pênaltis em 2002 até ser tungada pela arbitragem da Coreia do Sul, também nos tiros penais. Em 2006 caiu para Zidane nas oitavas. Sofreu demais para ser campeã em 2010, desta vez com arbitragens mais favoráveis. Em 2018 perdeu nos pênaltis para uma medíocre mandante como a Rússia.

É preciso enaltecer mais uma vez o futebol na Espanha. Não necessariamente o da Espanha.

E celebrar a entrega da torcida de Marrocos.

Não vi, na vida, dos países que visitei, um que tivesse tanta gente jogando bola na rua na pedra na terra na areia na Mesquita na esquina no bazar no curtume na ruela no beco no buraco.

No Marrocos. De Ziyech e Hakimi. De Mazraoui a Boufal.

E tudo parando nas mãos de Bono. Nome de craque da voz e de outros campos. Com o uniforme lindo de goleiro da rosa púrpura de Marrakech.

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