SAFERJ discorda de treinos em Brasília: ‘Se alguém morrer, quem é o responsável?’
Presidente do Sindicato dos jogadores do Rio discordou de Flamengo e Vasco e criticou a forma como os clubes têm tomado decisões nesse momento. Para Alfredo Sampaio, visita a Jair Bolsonaro poderia ter sido mais proveitosa para o futebol
Por Aline Nastari
Depois do encontro de Jair Bolsonaro e presidentes de Flamengo e Vasco com a pauta de retorno das atividades dos clubes em Brasília, como adiantou o Globoesporte.com, o Esporte Interativo ouviu o presidente do Sindicato dos Atletas de Futebol do Rio de Janeiro, Alfredo Sampaio. A associação deixou claro que ainda não tinha muitas informações sobre a ideia dos clubes de transferirem os treinamentos para outro estado, mas ressaltou que seria fundamental que todas as partes envolvidas fossem ouvidas e criticou uma possível decisão unilateral dos clubes.
“As pessoas que comandam o futebol acham que só eles existem. Eles definem e todo mundo segue. São detentores dos contratos, mas no momento que a gente se encontra, nesse cenário de pandemia, qualquer medida deveria ser conversada com jogadores, técnicos e todos os envolvidos” - disse Alfredo Sampaio.
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Em nome da SAFERJ, o presidente preferiu não dar uma posição fechada de forma preliminar, mas, a princípio, discordou da posição de Flamengo e Vasco levarem os treinos para Brasília principalmente pelo momento vivido no Brasil. Alfredo Sampaio citou como exemplo os testes feitos com os funcionários do próprio sindicato: 20 foram submetidos a exames e 12 testaram positivo.
“Não sei se conversaram com atletas e nem que nível de segurança eles terão. Tenho dúvidas disso. Todo mundo é subordinado ao contrato de trabalho, mas em uma situação perigosa. Em um primeiro momento acho que não cabe. Como o Governo Federal quer que volte a rotina, Flamengo e Vasco foram neles em cima disso. Se eu tivesse no comando do clube eu não faria. Se alguém morrer, quem é o responsável? Uma irresponsabilidade que eu não correria o risco. Avançar nessa linha sem ter segurança máxima é um risco” - indagou o presidente da SAFERJ.
Alfredo Sampaio lembrou ainda da decisão publicada no Diário Oficial da última sexta-feira (15) que vetou atletas e profissionais ligados ao esporte do direito de receber o auxílio emergencial de R$ 600 dado pelo governo durante a crise e sinalizou uma posição individualista de clubes que brigam pelos próprios benefícios e não pela classe.
“Independentemente dos treinos irem ou não para Brasília, eles poderiam ter pedido para o Bolsonaro não tirar os R$ 600 de ajuda dos atletas. Se eles podem ir até lá fazer isso, deveriam defender o futebol como um todo. Tomar decisões que possam ajudar a todos. Se os mais ricos e mais estruturados tomarem decisões só pensando neles não vão contribuir pelo esporte. O problema é que vivemos uma pandemia e cada um está pensando no seu lado e não no futebol em geral” - criticou.