Vexames, vergonhas e cringe
Vivemos uma ditadura binária, ou pior, zerária de rotular tudo e todos.
Por Mauro Beting
Vexame: clube grande ser rebaixado em dois turnos. Vergonha.
Vergonha: time grande voltar à primeira divisão sem ser campeão da Segundona em turno e returno - a não ser que outros grandes também estejam na disputa. Vexame.
Vergonha: time jogar para perder uma partida sob qualquer circunstância, mesmo se for para complicar rival. Crime.
Goleada impiedosa para rival figadal e/ou para time com menos títulos, investimento, elenco e torcida: horrível. Péssimo. Ridículo. Horrendo. Pavoroso. E por aí não vai.
Mas é vexame? No papo de boteco, claro que é.
Também é vergonha? Não havendo desleixo e nem má fé, não.
Argentina 6 x 0 Peru na Copa-78: suposição de vergonha, de vexame e outras coisas mais.
7 a 1 para a Alemanha em semifinal de Copa. Tudo de ruim.
Vexame? Vergonha?
Ainda não inventaram palavra para descrever aquilo.
Torturar fatos, feitos e pessoas para impor um termo que elas discordam: não é vergonha. E nem vexame.
São outras tantas coisas.
Sobretudo vergonha alheia.
O "cringe". Uma própria vergonha.