Plano de sócios, infectologista, redução de pagamentos... Como o Coritiba se mantém durante a crise
Equipe paranaense contratou um infectologista para auxiliar no planejamento da volta aos treinos físicos no CT da Graciosa
Por Victor Lopes e Mauro Beting
A pandemia do novo coronavírus trouxe muito prejuízo aos clubes mundo afora. No caso do Coritiba, os impactos causados pela paralisação do futebol brasileiro ainda não podem ser totalmente dimensionados. O clube teve arrecadações menores por conta do cenário e se viu forçado a realizar cortes de salários, acordado com o jogadores.
O Coxa, no entanto, tem alguns "trunfos" para se manter diante da crise. O número de sócios-torcedores é o principal fator. Com o acesso à Série A, o clube conseguiu um expressivo número de novos associados, o que gera mais receitas ao time.
O clube também apostou na contratação de um infectologista para ajudar no planejamento e em processos médidos necessários para a volta dos treinos com a presença dos jogadores no CT da Graciosa.
REDUÇÃO SALARIAL E POSIÇÃO DA DIRETORIA
O Coritiba também não conseguiu escapar das reduções salariais e cortes de gastos que a pandemia do novo coronavírus vem causando no mundo todo. Após uma repercussão negativa de que o clube paranaense teria demitido funcionários, mas mantido o salário de jogadores, o clube fez questão de emitir uma nota oficial, no dia 30 de abril, para explicar que também reduziria os valores de todos os jogadores e funcionários do departamento de futebol.
A diretoria decidiu reduzir os salários dos atletas em 25% e suspenseu as atividades das categorias de base. Nesse momento de paralisação, o diálogo entre jogadores e diretoria se tornou muito importante. Ambas as partes entraram em um acordo para que os pagamentos de março e abril tivessem um prazo maior.
“A gente entende a posição do clube e eles entendem a nossa, não foi só aqui que teve corte de salário. Nada mais justo abrir mão um pouco. A diretoria tem passado tranquilidade para nós, principalmente em questão de segurança. Que a gente possa voltar a jogar futebol e dar alegria para a torcida. E a diretoria tem dado respaldo pra gente”, afirmou o volante Renê Jr.
SAÚDE FINANCEIRA
Em relação ao ano de 2019, o Coxa projetou um ano com mais receitas, tendo em vista o acesso à primeira divisão nacional. No entanto, o time paranaense não contava com a pandemia do Covid-19, que está afetando a saúde financeira de todos os clubes do mundo.
Diferentemente da maioria dos clubes brasileiros, o Coritiba ainda não informou o balanço financeiro de 2019 e culpou a pandemia do novo coronavirus pela não divulgação. O prazo era até o dia 30 de abril. O não cumprimento do prazo pode gerar multa e punições para o clube e dirigentes.
O clube fechou 2018 com um déficit de R$ 8 milhões. O time paranaense publicou uma nota informando o principal motivo do débito: “A dívida apresentada ao conselho fiscal deve-se a ações trabalhistas de contratos anteriores a 2018 dos jogadores Amaral, Alecsandro e Juan”.
No início de 2019, um breve relatório financeiro do clube referente ao primeiro trimestre mostrou uma queda dos rendimentos com relação ao mesmo período do ano passado.
QUADRO DE SÓCIOS
Um dos poucos clubes que entra na contramão quando o assunto é sócio torcedor. O Coritiba havia estipulado uma meta para o início do Campeonato Brasileiro: chegar à marca de 25 mil associados no mês de abril. A meta foi alcançada. Com o acesso a primeira divisão, muitos torcedores aderiram a carteira de sócio torcedor e muitos desses terão acesso a conteúdos em primeira mão, além de descontos nos novos uniformes que serão lançados.
MEDIDAS PREVENTIVAS E CONTRATAÇÃO DE UM ESPECIALISTA
Além do acompanhamento “remoto” dos profissionais que trabalham para deixar os jogadores em forma durante o período sem atividades em grupo, os jogadores foram vacinados no Estádio Couto Pereira. Os atletas, sob a orientação dos profissionais do clube, foram divididos em grupos e receberam a vacina da gripe. Vale lembrar que a vacina da gripe não previne contra o novo coronavirus, mas ajuda na identificação de outras gripes, além de aumentar a imunização, afim de não sobrecarregar a rede hospitalar.
Com a intenção de voltar aos treinos o mais rápido possível e sempre respeitando as ordens das autoridades do estado do Paraná, o Coritiba contratou o vice-presidente da Sociedade Paranaense de Infectologia, Jaime Rocha, para ajudar nos processos médicos protocolares de reapresentação aos treinos presenciais.
VOLTA AOS TREINOS
A exemplo de muitos clubes do futebol brasileiro, no início de maio, o Coritiba retornou as atividades de maneira “remota”. O Departamento de performance do clube, por meio de videoconferância, conduz as atividades visando a preparação para a sequência da temporada. Os jogadores do clube do Alto da Glória ficaram aproximadamente 45 dias sem atividades específicas. Com o retorno online, os atletas vivem a ansiedade de voltar a treinar com bola em um campo de futebol.
“Estamos no aguardo. Não depende só do clube, tem que ser com segurança, até pelos funcionários. A gente não quer que o funcionário seja mandado embora, e quando a gente treina as pessoas trabalham. Mas tudo depende do vírus”, citou Renê Júnior.