Cada minuto conta: Palmeiras e América-MG farão nono jogo do mês e precisarão vencer o cansaço pela final

Cada minuto conta. De um lado, Abel Ferreira tem trabalhado para equilibrar o único elenco vivo em três competições no país e chega para o confronto decisivo da semifinal depois de uma vitória por 1 a 0 sobre o Red Bull Bragantino com "perfume de suor". Do outro, Lisca vem também de uma vitória por 1 a 0 sobre o CRB em uma campanha quase irrepreensível na Série B, ao mesmo tempo em que alcança a semifinal da Copa do Brasil deixando para trás Corinthians e Internacional, equipes de Série A. Tirando o fato de que ambos disputam uma vaga na final da Copa do Brasil, Palmeiras e América-MG parecem ter pouco em comum. No entanto, quando o assunto é desgaste, ambos jogarão a decisão desta quarta-feira no limite.

DURA REALIDADE: UMA PARTIDA A CADA TRÊS DIAS DURANTE MENOS DE UM MÊS

A primeira parte da semifinal terminou empatada pelo placar de 1 a 1, portanto, o confronto no Independência, em Belo Horizonte, se inicia com resultado que leva a decisão para as penalidades máximas. Ninguém precisará correr atrás do resultado, mas certamente os dois times estarão correndo mais do que gostariam no mês de dezembro. Tanto Palmeiras quanto América-MG acumularão nove jogos em 29 dias quando o árbitro encerrar a partida deste dia 30.

O América-MG abriu o mês diante do Cruzeiro, no dia 02, para enfrentar na sequência o CSA em Alagoas no dia 05, o Sampaio Corrêa em Belo Horizonte no dia 08, o Paraná também em Belo Horizonte no dia 12, o Figueirense em Santa Catarina no dia 17, a Chapecoense no dia 20 em Santa Catarina, o Palmeiras em São Paulo no dia 23 e o CRB em casa no último sábado, dia 26.

Já o Palmeiras iniciou a maratona no mesmo dia 02 de dezembro, em casa, contra o Delfín, tendo pela frente uma série de jogos contra o Santos fora de casa no dia 05, o Libertad no Paraguai no dia 08, o Bahia em casa no dia 12, o Libertad em casa no dia 15, o Internacional em Porto Alegre no dia 19, o América-MG em casa no dia 23 e o Red Bull Bragantino em casa no último domingo, dia 27.

DUPLA DE ZAGA DO AMÉRICA-MG DISPUTOU INTEGRALMENTE TODOS OS JOGOS DO MÊS

Os defensores Messias e Anderson, de 26 e 25 anos, respectivamente, não parecem estar sentindo o peso da longa sequência de jogos do mês. Eles disputaram juntos, sem substituição, os oito jogos do América-MG em dezembro. Já a dupla de zaga titular do Palmeiras tem encontrado revezamento e chega com menos minutos acumulados em relação aos seus pares do Coelho. Messias e Anderson têm 720 minutos em dezembro, enquanto Luan acumula 556 minutos e o paraguaio Gómez soma 463.

LATERAIS DIREITOS SUPERAM 600 MINUTOS EM CAMPO E VIÑA TEM DESGASTE MAIOR DO QUE SEU CORRESPONDENTE NO AMÉRICA-MG

Gabriel Menino é o jogador de linha do Palmeiras com mais minutos em campo no mês de dezembro. São 630 minutos acumulados em variadas funções, tendo até sido deslocado para o meio-campo no intuito de auxiliar o treinador. Ainda assim, Daniel Borges, do América-MG, tem 23 minutos a mais. Menino disputou sete das oito partidas do mês sem ser substituído, mas não jogou uma delas, enquanto Daniel Borges entrou em campo nos oito jogos, tendo substituído na primeira partida do mês o titular Diego Ferreira, que se lesionou, e deixado o campo apenas um dos outros sete jogos, restando menos de 10 minutos para o apito final.

MEIO-CAMPISTAS ACUMULAM DESGASTE MAIS EQUILIBRADO ENTRE SI, COM RAPHAEL VEIGA SENDO O ÚNICO A QUEBRAR A BARREIRA DOS 500 MINUTOS

Muitos treinadores dizem que o jogo se ganha no meio-campo e talvez esse seja um dos fatores que leva ao setor um desgaste mais equilibrado, envolvendo mais trocas durante as partidas. Entre os prováveis meio-campistas titulares das duas equipes envolvendo a decisão desta quarta-feira, somente Raphael Veiga pode dizer que ultrapassou os 500 minutos no mês. Ele disputou todas as oito partidas, sendo titular em seis delas. Uns com muito, outros com tão pouco: Patrick de Paula retornou de lesão muscular que o tirou de combate por seis partidas e, por isso, acumula somente 116 minutos, sendo o titular de meio-campo menos desgastado do mês e também melhor preparado pela trabalho de transição física realizado pelo clube paulista Danilo, que deve ser escalado no trio de meio, tem 444 minutos.

Já o América-MG certamente deve ter em campo os meio-campistas Juninho e Flávio, que foram titulares contra Palmeiras e CRB e acumulam, respectivamente, 431 e 472 minutos. Geovane também foi titular nos dois jogos, mas Alê retomou seu lugar no time, já que substituiu o próprio Geovane durante a partida de sábado. Ele estava suspenso contra o Palmeiras e ficou fora de três confrontos no mês anterior por ter testado positivo para Covid-19. Tanto Geovane quanto Alê carregam minutagens muito próximas, tendo o primeiro 296 minutos e o segundo 290, apesar do agravante de ter sido obrigado a parar de treinar durante a quarentena, assim como outros jogadores do América-MG e muitos do Palmeiras, principalmente no mês de novembro.

NO ATAQUE, AMÉRICA-MG TEM DOIS ATACANTES PRÓXIMOS DOS 700 MINUTOS NO MÊS, ENQUANTO PALMEIRAS TEM MAIOR EQUILÍBRIO

Ademir e Rodolfo querem levar o título de incansáveis do ataque americano. O primeiro, de 25 anos, é um dos grandes destaques do elenco pela velocidade e quebrará os 700 minutos em campo no mês de dezembro logo que o cronômetro alcançar 09 minutos da primeira etapa. O companheiro de 28 anos está um pouco mais distante, acumulando 637 minutos no mês, podendo quebrar a marca dos 700 minutos durante o jogo. O terceiro homem ainda é dúvida, já que o titular Felipe Azevedo foi poupado do confronto contra o CRB para estar à disposição de Lisca. Ele deixou o Allianz Parque ainda no 1º tempo por conta de dores musculares. Aos 33 anos, Felipe chega na reta final da temporada acumulando 467 minutos só no mês de dezembro. Caso ele não consiga vencer o problema muscular, Felipe Augusto, menos desgastado com 236 minutos, deve pintar ao lado dos incansáveis Ademir e Rodolfo.

Do lado alviverde, o técnico Abel Ferreira não pode contar com Veron justamente por um problema muscular que o tirou de combate no duelo contra o Red Bull Bragantino, quando ele encerrou o mês com 513 minutos na conta. Rony tem sido poupado para as decisões e, por isso, chega com apenas 286 minutos de rodagem no mês, enquanto Gustavo Scarpa deve aparecer na outra ponta, somando já 433 minutos em dezembro. O atacante Luiz Adriano se recuperou de lesão e participou apenas das últimas duas partidas do mês até aqui, entrando nos últimos 25 minutos contra o América-MG e participando de 61 minutos da partida contra o Red Bull Bragantino. Caso Willian apareça na equipe titular, ele acumulará número quase idêntico ao de Scarpa, 431 minutos.

QUEM CHEGA MAIS DESGASTADO PARA A DECISÃO?

Depois da volta do futebol, o América-MG realizou 43 partidas, enquanto o Palmeiras fez 45 jogos. Em dezembro, ambos têm o mesmo número de aparições em campo. E em meio a tudo isso, inúmeras variáveis. A pergunta tem resposta muito mais complexa do que parece e a matéria em questão não tem pretensão de sacramentar uma conclusão. Isso porque os clubes conseguem informações que só o dia-a-dia com o atleta pode oferecer. Além disso, as ferramentas utilizadas têm capacidade de identificar desgastes por meio de números, exames, histórico de cansaço muscular e outras inúmeras variáveis que determinam se um corpo aguenta mais ou menos o desafio de uma partida de 90 minutos com total intensidade, adrenalina e drama. Cada jogador corresponde de uma forma, cada posição tem sua função de maior ou menor exigência física e, por mais clichê que pareça, cada caso é um caso. Porém, o fato é que a densidade da minutagem, ou seja, o recorte de um ciclo mensal de minutos em campo de cada elenco pode trazer uma base para um olhar mais assertivo, ainda que distante daquele que os clubes têm, e não há dúvidas de que os dois técnicos, por mais variáveis que tenham estudado, já sabem que muitos dos seus jogadores lutarão contra o adversário e contra o cansaço em busca da final. Cada minuto conta.

*Fonte de consulta das minutagens: OGOL