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Futebol Brasileiro

Coronavírus: Rafael Marques cita Japão como exemplo: 'Não pensei em voltar ao Brasil'

Atacante defende o Kofu, da segunda divisão do país asiático, e também passou pela catástrofe do tsunami, em 2011: 'Os japoneses são um exemplo de solidariedade muito grande'

Rafael Marques durante treinamento pelo Kofu
Rafael Marques durante treinamento pelo Kofu (Arquivo Pessoal)

Por Redação do Esporte Interativo

Por Monique Danello

Futebol paralisado, rotina alterada e receio de sair de casa. Para quem está longe do Brasil, dos amigos e familiares, lidar com todas as mudanças provocadas pelo novo coronavírus é ainda mais complicado. Rafael Marques voltou ao Japão no início dessa temporada. O atacante assinou por um ano com o Kofu, time da segunda divisão japonesa. Segue treinando, com restrições, e vive a expectativa de poder voltar a entrar em campo.

“O clube comunicou a torcida para não comparecer aos treinamentos, que é da rotina deles aqui. Quando encontrar com jogadores, evitar contato físico, fotos, principalmente no pico de coronavírus. Hoje as coisas estão um pouco melhor, mas, quando acaba o treino, a gente procura vir para casa, sair quando é preciso mesmo, para ir no mercado, para não ficar só preso dentro de casa”, explicou Rafael.

Essa é a segunda passagem do jogador pelo futebol japonês. Em 2011, Rafael Marques vestia a camisa do Omiya Ardija e também viveu momentos difíceis no Japão, quando o país enfrentou um tsunami. A forma como os japoneses lidaram com a catástrofe natural naquela ocasião, deu segurança para o jogador e sua família seguirem no país, diante do risco com a pandemia do coronavírus.

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Eu vi o quanto esse povo é solidário com o próximo sempre. Depois de seis meses do tsunami, não se falava mais nada, já estava tudo em ordem, tudo certinho. O povo japonês tem uma solideriedade muito grande, eles pensam muito no próximo, se ajudam demais, tem consciência que é preciso cada um fazer sua parte para as coisas melhorarem. Em nenhum momento pensei em voltar para o Brasil.

Rafael Marques vive em Kofu, a cerca de uma hora e meia de Tóquio, sede da próxima Olimpíada. O brasileiro acompanha de perto a apreensão dos japoneses com o risco de adiamento do evento e garante que, apesar do desejo de receber os Jogos Olímpicos, a principal preocupação do país é com o bem estar das pessoas.

“É uma conquista para eles poder sediar em Tóquio a Olimpíada. É um gasto muito grande, valores, patrocinadores, é um projeto enorme com isso. No pouco que temos acesso às informações, através do nosso tradutor, eles querem sim manter a Olimpíada. Mas, caso isso venha a se alastrar mais e colocar o ser humano em risco, naturalmente vai acontecer o adiamento. Mas, por enquanto, o pensamento deles é positivo, como é o povo japonês”, afirmou o atacante.

Confira a entrevista na íntegra:

O futebol ainda está paralisado? Enquanto isso, vocês seguem treinando? Como tem sido a rotina de trabalho de vocês?

O campeonato em si, realmente, ele continua paralisado. Ele foi paralisado no começo do mês, depois disso teve algumas reuniões da federação japonesa com autoridades do Japão, e foi prolongado até dia 04 de abril. Até semana passada, a probabilidade de voltar era de 80%, mas agora já caiu pela metade. Pode ser que não volte 04 de abril. Os treinamentos em si continuam normalmente, com alguns dias a mais de folga, pelo fato de não ter campeonato. Mudamos algumas atitudes do dia a dia para ter o controle do coronavírus.

Aqui no Brasil, os clubes e os jogadores se manifestaram esse fim de semana pedindo a paralisação dos estaduais. Como foi aí no Japão? Também aconteceu uma comoção dos atletas ou imediatamente tudo foi paralisado?

Aqui partiu da própria federação japonesa, junto com autoridades, depois chegou para nós. Claro que os presidentes participaram da reunião para chegar nesse acordo e depois comunicar todo mundo. Não precisou de nenhuma manifestação dos atletas. Pelo contrário, isso já partiu deles. É claro que isso é um problema muito grave para todos os seres humanos, mas também pelo fato de ter a Olimpíada esse ano aqui, muita coisa gira em torno disso também e por isso acho que houve essa paralisação bem antes.


Como tem sido a rotina fora do trabalho no Japão? Vocês devem ficar em casa, podem sair na rua? Quais cuidados têm tomado com sua família?

Dia a dia mudou um pouco, horários fora de treino a gente costumava dar uma volta pra descansar a cabeça, ir num shopping, num parque, no cinema, restaurante, conhecer a cultura aqui do Japão. A gente acaba tendo precaução para não ter contato com outras pessoas. O clube comunicou a torcida para não comparecer aos treinamentos, que é da rotina deles aqui. Quando encontrar com jogadores, evitar contato físico, fotos, principalmente no pico de coronavírus. Hoje as coisas estão um pouco melhor, mas, quando acaba o treino, a gente procura vir para casa, sair quando é preciso mesmo, para ir no mercado, para não ficar só preso dentro de casa.


Aqui no Brasil, as autoridades tentam conter o desespero inicial das pessoas. Muita gente está estocando comida e itens de higiene em casa, usando máscaras sem necessidade. Como a população tem lidado com isso no Japão? Vocês têm alguma recomendação ou restrição?

A gente tem visto muitas notícias desnecessárias. Hoje a gente tem muito contato com redes sociais, grupo de WhatsApp e tem muita notícia que acaba atrapalhando, complicando a situação, que já é de preocupação. A gente acaba abstraindo muita informação que já é desnecessária. Por isso, esses movimentos de estocar muita comida, álcool, eu vejo como desnecessário. Aqui no Japão, eles já têm esse costume de usar máscara, álcool em gel, isso aqui é mais do que normal, sempre foi assim. Nos outros anos que joguei aqui e morei aqui, já via isso. É normal ter álcool em gel no carro, em casa, nos estabelecimentos, usar máscara no dia a dia, porque se uma pessoa está resfriada, evita da outra pegar. Aqui sempre foi normal, no Brasil temos que tomar cuidado com isso, até porque é desnecessário ficar apavorado e querer estocar as coisas em casa.


Você tem feito contato com familiares no Brasil? Pensou em voltar pra cá em algum momento, quando as coisas estavam mais tensas por aí?

Eu já morei aqui, já passei por uma catástrofe da natureza, quando teve o tsunami em 2011, o terremoto. Eu vi o quanto esse povo é solidário com o próximo sempre. Depois de seis meses do tsunami, não se falava mais nada, já estava tudo em ordem, tudo certinho. O povo japonês tem uma solideriedade muito grande, eles pensam muito no próximo, se ajudam demais, tem consciência que é preciso cada um fazer sua parte para as coisas melhorarem. Em nenhum momento pensei em voltar para o Brasil, quando foi o pico do coronavírus. Agora, passado os primeiros meses, as coisas estão se estabilizando, claro que ainda tem um risco, é um vírus novo. Mas, a cada dia que passa, eles procuram cuidar mais ainda do próximo. Aprendi cada dia mais com eles e o pouco que aprendo procuro passar para amigos e familiares no Brasil. Aqui a gente aprende cada dia mais a pensar no próximo e ajudar o próximo para um mundo melhor.

Existe uma preocupação muito grande com a realização dos Jogos Olímpicos. Como isso tem sido tratado diariamente aí no Japão?

A preocupação é com o ser humano, é um vírus novo, perigoso, mas a segunda questão sempre foi a Olimpíada. É uma conquista para eles poder sediar em Tóquio a Olimpíada. É um gasto muito grande, valores, patrocinadores, é um projeto enorme com isso. No pouco que temos acesso às informações, através do nosso tradutor, eles querem sim manter a Olimpíada. Mas, caso isso venha a se alastrar mais e colocar o ser humano em risco, naturalmente vai acontecer o adiamento. Mas, por enquanto, o pensamento deles é positivo, como é o povo japonês. A gente espera que isso possa tranquilizar eles aqui o mais rápido possível, que possam celebrar a Olimpíada, que sempre quiseram. Mas temos que pensar primeiro no ser humano e a gente reza e faz de tudo para isso passar o mais rápido possível.

Falando de futebol, como tem sido esse retorno ao Japão? Como é a estrutura do Kofu e como tem sido essa readaptação ao futebol japonês?

Eu queria voltar para o Japão há alguns anos. Sempre deixei muito claro o carinho que tenho por esse país, pelo povo, aprendi muito como profissional e pessoa. Passei por uma catástrofe aqui, hoje mais um problema mundial e a gente via o dia a dia, o aprendizado, o quanto pensam no próximo. Isso pra mim como ser humano está sendo maravilhoso voltar pra cá. O Kofu abriu as portas pra mim de novo no Japão. É um clube da segunda divisão, a cidade fica a 1h30 de Tóquio, mais para o interior. Clube tem estrutura boa, os clubes aqui são muito nivelados. Estou me readaptando novamente, esse tempo com o cancelamento do campeonato está sendo bom para eu me readaptar o mais rápido ao futebol japonês, conhecer meus parceiros de equipe. Estou ansioso para voltar a competir e poder levar o Kofu a primeira divisão novamente. Mas, antes de tudo isso, esperamos que as coisas no mundo normalizem, pra gente ter tranquilidade e voltar a fazer o que mais ama, que é jogar futebol.

Apesar do fuso, você segue acompanhando o futebol brasileiro?

Apesar do fuso, sempre estou acompanhando o futebol brasileiro, estaduais, libertadores. É num horário um pouco mais complicado, mas sempre que os horários batem eu procuro assistir, quero estar atualizado, não só do brasileiro, mas no mundo todo. Isso me ajuda na minha profissão, estar antenado, aberto a aprender coisas novas.

Você tem contrato de uma temporada. Você pensa em passar mais tempo no Japão, nesse retorno ao país, ou ainda quer voltar ao futebol brasileiro?

Meu contrato aqui foi de um ano, pretendo passar mais anos aqui, se possível, esse foi o meu objetivo ao voltar para o Japão. Ganhar mais quatro anos, até eu me aposentar. Vejo aqui um futebol bem menos desgastante que no Brasil, em vários fatores, calendário, extra campo. Aqui eu creio que eu possa ganhar alguns anos a mais. Para esses objetivos serem alcançados, preciso ir bem também. Por isso sempre fui um cara que sempre me cuidei muito bem. Sempre fui muito profissional. Além dos treinamentos no clube, procuro me cuidar nas horas vagas, fazer um trabalho específico. Esse é o meu objetivo, poder continuar aqui mais alguns anos e, quem sabe, me aposentar aqui e poder fechar a carreira muito bem.

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