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Futebol Brasileiro

Destaque entre os meninos, Júlia ganha espaço no time feminino do Centro Olímpico

Em Aracaju, a jogadora de apenas 10 anos é a única menina a jogar futebol com os meninos e competir em campeonatos locais

Júlia se destaca entre os meninos em Aracaju
Júlia se destaca entre os meninos em Aracaju - Divulgação Instagram/sigaredegol (Divulgação Instagram/sigaredegol)

Por Aline Dias

Júlia Correia de Oliveira é um nome para deixarmos marcado no futebol feminino brasileiro. Natural de Aracaju, a sergipana de apenas 10 anos começou a trilhar sua história ainda aos sete, quando passou a defender a equipe do Rocketpower no Campeonato Sergipano de Futsal sub-7 ao lado dos meninos. Depois de “quebrar regras”, a menina seguiu competindo entre eles e acabou conquistando títulos como a série bronze da GO Cup sub-7, a Copa João Alencar Sub-8 e o Campeonato Sergipano de Futsal e FUT7 nas categorias sub-8 e 9, respectivamente.

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Contudo, apesar de se destacar por ser a única entre os garotos em seu time, Júlia e seu pai, José Luiz Góes de Oliveira, conhecido como Zezo, quiseram buscar mais. Em entrevista à TNT Sports, a dupla contou que hoje se dividem em uma rotina Aracaju e São Paulo, pois a jovem jogadora foi aprovada no futebol do Centro Olímpico e no futsal da Escola Fênix São Caetano para jogar, finalmente, em uma equipe completamente feminina.

Com poucas palavras, a atleta de somente 10 anos expressou muita alegria em viajar a São Paulo uma vez por mês para cumprir sua rotina de treinos. Apesar de se dividir em dois esportes, Júlia afirmou que é no campo que ela se encontra mais e deseja realizar sonhos. E, para Zezo, a capital paulista deve ser o melhor destino para sua filha no futuro.

É como o professor dela falou logo que ela entrou, um dia teria que pensar em ir pra São Paulo e eu estou nessa fase agora também. O Centro Olímpico não me obriga a morar em São Paulo até que ela complete 13 anos. A partir dos 13 anos, se for continuar no Centro Olímpico, ela teria que morar lá porque eles exigem uma presença mínima. Então eu estou fazendo a mesma coisa, deixando rolar pra quando tiver os 13 anos pensar. Ela não vai deixar de jogar. Tenho esses três anos pra me organizar pra isso”, contou o pai e empresário.

Divulgação Instagram/sigaredegol
Divulgação Instagram/sigaredegol

Companheiros de todas as horas, foi Zezo quem passou a levar Júlia para escolinhas de futebol e ainda é quem a acompanha nos mais novos compromissos. Dentista autônomo, o pai da jogadora não priorizou sua profissão para realizar a vontade da filha. “É o que faz ela feliz. A gente viaja pra São Paulo que ela brinca com as meninas lá, me esquece. Se eu não aparecer no dia de ir embora, ela não vai chorar (risos). A gente vai levando, é cada dia de uma forma, espero que não chegue um dia que ela não queira mais, mas também se chegar, paciência”.

Eu sou autônomo, organizo minha agenda aqui pra conseguir acompanhar. Se eu tiver que realmente mudar pra São Paulo, será uma decisão bem convicta. Vai mexer na família inteira. Na cabeça da criança é muito fácil. Eu acho que esses dois próximos anos, três próximos anos serão decisivos sobre o desenvolvimento que ela vai ter. Eu darei todas as oportunidades e aí ela vai decidir o que ela vai querer”, completou Zezo.

Com ajuda de sua esposa e mãe de Júlia, equilibram a rotina da atleta de somente 10 anos. Além de treinos e competições, os pais da jovem garota também buscam dividir o tempo para lazer entre amigos, como festas de aniversário e idas ao parque, e, claro, para a escola. Durante a entrevista à TNT Sports, Zezo revelou que, no início, era mais “chato e pegava no pé” da filha após os jogos, mas também tem se adaptado e melhorado muito. Júlia concordou.

Apesar da ainda curta história da jogadora ser de muito destaque por atuar entre meninos, esta situação revela um problema que ainda é muito presente no futebol feminino do Brasil: a falta de estrutura. Definida por Zezo como “inexistente” em Sergipe e sem comparação com o que encontraram em São Paulo, mais especificamente no Centro Olímpico, o pai de Júlia acredita que a cidade paulistana é a mais estruturada, mesmo falando do eixo Rio-São Paulo.

Vemos que não está tudo bem quando se obriga a ter um time feminino só porque está na Série A. Não parte da vontade do próprio clube. Isso faz continuar a ideia de que não é investimento e sim um gasto a mais. No que depender disso aqui em Sergipe, ainda vai demorar muito. A gente vai ter que, realmente, buscar caminhos em São Paulo. Eu acho até que comparar com o Rio de Janeiro já tem uma diferença grande. São Paulo tem muito mais oportunidade que o Rio quando eu vejo o futebol feminino. Então, comparar com o Nordeste é um vazio muito grande”, desabafou.

Divulgação Instagram/sigaredegol
Divulgação Instagram/sigaredegol

Fã de Cristiano Ronaldo e com o sonho de jogar pelo Barcelona, Júlia também se enxerga com a camisa da seleção brasileira. E, para Zezo, é na CBF e com a Seleção que devem surgir as principais mudanças e evoluções para a categoria. “A gente vê a dificuldade na própria renovação da Seleção, né? Jogadoras com mais de 40 anos. Eu acredito que, quando chegar a esse nível (de convocar cada vez mais jovens), a gente vai perceber a real mudança”.

“Elas mesmas estão começando a se valorizar. Acho que agora, a partir do momento que elas também estão levando a sério, que veem isso como uma oportunidade de vida, aí acredito que as coisas começam a mudar”, finalizou o pai de Júlia.

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