Fã de Kaká, Menino revela inspiração em Kimmich, Cafu e Danilo na lateral, relembra tempos de torcedor e explica evolução do Palmeiras com Abel Ferreira

Ele sempre será Menino na vida. Mas já está longe de ser um menino no futebol. Aos 20 anos de idade, Gabriel joga com a versatilidade de um veterano de 30 anos e fala como se desse entrevistas há 40. A sinceridade de Menino nas palavras não corresponde a de um garoto que acabou de sair da base e há alguns meses, estava nas arquibancadas do Allianz Parque comemorando gols de atletas que, hoje, são seus companheiros de elenco.

"Eu vi o Felipe Melo fazer aquele gol de fora da área contra o Fluminense em 2018, depois ele imitando o pitbull, aquilo me arrepiou muito! Pensava em estar ali um dia. Também lembro do dia que empatamos em 3 a 3 com o Cruzeiro na Copa do Brasil. A torcida incentivou demais quando o time estava perdendo, lembro disso porque sou torcedor fanático, vibrava com o time mesmo fora de campo", relembrou Gabriel Menino, em papo exclusivo com o Esporte Interativo.

Volante na maior parte do tempo que passou nas categorias de base, Gabriel viu sua posição mudar no Palmeiras e o rendimento crescer o suficiente para que uma convocação para a Seleção Brasileira pintasse pela lateral do campo, onde também atuou, por menos tempo, na base. A falsa improvisação começou com Vanderlei Luxemburgo e se consolidou com Abel Ferreira, que foi lateral enquanto jogador. O técnico, aliás, prometeu ao jogador transformá-lo em um dos melhores do mundo na posição.

"Foi depois do primeiro jogo do Abel, contra o Red Bull Bragantino. A gente ganhou de 1 a 0, eu estava saindo de campo e tem até um vídeo da gente se abraçando e conversando. Ali ele falou que era lateral e que eu tenho muito potencial. Disse que vai me ajudar a consertar os erros, que ele estudou bastante e que vai me fazer um dos melhores do mundo. Compro as ideias dele e sei que ele vai me fazer ser um dos melhores do Brasil ou até do mundo".

Falando em melhor do mundo, uma das grandes inspirações do jogador desde as categorias de base levantou o prêmio da FIFA de melhor jogador da temporada em 2007.

"Sempre assisti jogando e tive vontade de conhecer o Kaká. Admiro muito o futebol dele. Dos jogadores atuais, gosto do Neymar, do Messi e do Cristiano Ronaldo também. O Ronaldinho Gaúcho, que é mágico com a bola, também me chamou muito a atenção. Quero aprender e tirar um pouquinho de cada um", concluiu Menino, que começou recentemente a acompanhar laterais: "Eu comecei a ver vídeos de laterais agora! Vejo muito o Danilo, que joga na seleção comigo, e o Kimmich que também faz as duas posições de lateral e meio-campista. Também comecei a ver alguns vídeos do Cafu, que começou no meio e virou lateral, né? E vou aprendendo com isso".

Aprendizado que ele também tem com os treinamentos de Abel Ferreira, assim como todos os jogadores do atual elenco. Os elogios são muitos diante da fase da equipe na temporada. Desde a saída de Vanderlei Luxemburgo, o Palmeiras foi comandado por Andrey Lopes em quatro partidas e pela comissão técnica de Abel Ferreira em outras 14. São 48 gols marcados e 10 gols sofridos nesse recorte, que é fruto do olhar de Abel ao aproveitar o que enxergou no curto trabalho de Andrey Lopes.

"O Plano de jogo é diferente do Luxemburgo e do Abel. O Andrey Lopes chegou e impôs o ritmo dele, sendo que depois o Abel disse que não queria nada diferente disso e que só iria acrescentar algumas coisas. Dali pra frente não mudamos mais o plano, aumentamos a intensidade. Estamos mais velozes e marcando mais. Coletivamente, a gente já sabe o que fazer em campo", analisou Gabriel, que ainda explicou mais sobre a metodologia de treinos do português, cuja diferença aparece até nas datas de treinamento, envolvendo também os dias de jogos. "Com ele é diferente, ele trouxe um nível europeu. O ritmo de jogo é diferente e tão intenso que trotando não dá pra fazer. Querendo ou não, o treino vai ter intensidade pra gente não ficar confortável, pra gente evoluir. Quando o jogo é mais tarde, ele faz um trabalho pela manhã pra deixar o nosso corpo ativo, treina um pouco de bola parada também, mas nada muito forte. Depois todos voltam pro quarto e descansam".

Gabriel deixou definitivamente as arquibancadas há alguns meses. Deixou de ser somente um meio-campista há alguns meses. Deixou de ser um jogador somente de clube para se tornar um atleta de Seleção há alguns meses. Mas não deixou de ser Menino. "Quando penso nisso tudo, vejo que estou vivendo um sonho".