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Futebol Brasileiro

Sofrimento, alma e coração: amor que parou de bater no peito de um palmeirense na final de 2020 estará em alma na decisão de 2021

Lauro perdeu o irmão Rodrigo por conta de uma parada cardíaca e se prepara para mais uma final ao lado do pai, Hélio. E eles sabem que não estarão sozinhos

Palmeirense Lauro perdeu o irmão Rodrigo por conta de uma parada cardíaca após final entre Palmeiras e Santos
Palmeirense Lauro perdeu o irmão Rodrigo por conta de uma parada cardíaca após final entre Palmeiras e Santos - RICARDO MORAES (POOL/AFP via Getty Images)

Por Rodrigo Fragoso

Tanto se fala no sofrimento de uma final. Sofrimento de torcedor, sabe? Ansiedade impede qualquer outro pensamento até o apito inicial. Quando a bola rola, a angústia mexe com a força do tempo, não mexe? Quem sai na frente sente ele mais devagar e quem sai perdendo vê um minuto passar em 10 segundos. O coração dispara e às vezes a gente acha até que não vai aguentar... E em algumas vezes não aguenta mesmo, não é, Lauro? Se ele soubesse disso durante o jogo que assistia, independentemente do placar, tentaria parar o tempo, o cronômetro e o momento.

Aos 23 anos, Lauro viu o Palmeiras ganhar a Copa Libertadores da América pela segunda vez na história do clube. E pela primeira vez na história dele. O pai de Lauro fez dele um palmeirense desde pequenininho lá em Riacho Fundo II, uma região administrativa no interior do Distrito Federal. Mas o Seu Hélio (ou Taguatinga, como era o apelido por muitas vezes visitar um cliente na cidade vizinha) não conseguiu fazer do filho cinco anos mais velho que Lauro, o Rodrigo, torcedor desde que nasceu. Rodrigo não era muito ligado em futebol, assim como a mãe, e quem fez dele palmeirense foi o sofrimento. Na verdade, foi o fim do sofrimento.

Palmeirense Lauro e seu pai Hélio - Foto: Arquivo pessoal
Palmeirense Lauro e seu pai Hélio - Foto: Arquivo pessoal

Até 2014, Rodrigo via o Lauro e o Hélio assistindo a todos os jogos do Palmeiras. A bem da verdade, via seu pai e seu irmão sofrendo em todos os jogos do Palmeiras. A época de do palmeirense curtir havia se encerrado lá no começo dos anos 2000. E quando veio o título da Copa do Brasil de 2015, o torcedor alviverde sentiu que o sofrimento havia ficado pra trás. O Rodrigo ficou tão contente com o fim do sofrimento do pai e do irmão que, dali em diante, se tornou tão palmeirense quanto eles. Sofrer não era a dele. No máximo a alegre sofrência em um churrasco que, a partir de 2015, passou a ter verde e branco como parte da sua etiqueta.

Imagem: arquivo pessoal

Juntos, Seu Hélio, Lauro e Rodrigo viveram muito o sofrimento das finais. E o final feliz delas também, aquilo que fez Rodrigo se unir a paixão do irmão e do pai. Copa do Brasil, Paulistão e até mesmo das ‘finais’ que os pontos corridos entregam em suas rodadas fizeram parte dessa história até 2021, quando veio a final que eles mais esperavam. Veio a final da Libertadores. E veio o sofrimento de só vibrar com o gol do título vindo da cabeça de Breno Lopes nos acréscimos do 2º tempo. Horas depois do fim de mais um sofrimento de torcedor, o coração de Rodrigo não aguentou.

Aos 28 anos, o Rodrigo foi embora bem antes do tempo normal e dos acréscimos que a vida lhe devia. E o sofrimento de torcedor deu lugar ao sofrimento da família. Eu perguntei ao Lauro se o sofrimento de uma final de futebol havia levado seu irmão embora e talvez não valesse mais ter um time do coração. Mas sabe quando o Taguatinga e o Lauro sentem mais a presença e a companhia do Rodrigo? Na companhia do Palmeiras, né, Lauro?

Foto: Arquivo Pessoal
Foto: Arquivo Pessoal

Tatuada no braço direito de Lauro, a foto em que Rodrigo está abraçado com o irmão acompanha frases do filme favorito deles: Velozes e Furiosos. Ele partiu oficialmente na madrugada de sábado para domingo e ainda no braço direito, Lauro tem outra tatuagem olhando para uma estrela no céu. A estrela é Rodrigo. E Lauro fará mais uma. Seu irmão celebrou a estrela do título de 2020 aqui e ele tem certeza de que estará junto com eles para, quem sabe, celebrar mais uma estrela em 2021. E a nova tatuagem daí sairá.

Foto: Arquivo pessoal
Foto: Arquivo pessoal

O sofrimento da perda já deu lugar a saudade. O coração de Rodrigo bateu palmeirense pelo fim do sofrimento em 2015 e descansou palmeirense depois do fim do sofrimento de 2021. Mas torcedor algum é só corpo. Como a torcida do Palmeiras canta, é alma e coração. E se o coração parou de sofrer, Lauro e Seu Hélio sabem que a alma palmeirense estará com eles neste sábado.

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