Turbinadas por Flamengo e Corinthians, vendas de mando geraram mais de R$ 18 milhões em 2019
Rubro-Negro e Alvinegro "viraram" mandantes em três e duas partidas, respectivamente, e renderam lucro por onde jogaram
Por Leonardo Ferreira
Questão de intenso debate após sua proibição na reunião na Confederação Brasileira de Futebol, na última quinta-feira (27), a venda de mando de campo no Campeonato Brasileiro mostrou ter sido uma medida lucrativa para quase todos os clubes que decidiram por tomá-la no ano passado.
Em levantamento realizado pela reportagem do Esporte Interativo, foram analisados todos os borderôs das sete partidas em que houve mudança de um estado para o outro. A arrecadação total conferida nos jogos foi de impressionantes R$ 18.024.920, e muito desses números deve-se a dois clubes em particular: Flamengo e Corinthians.
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A equipe rubro-negra foi a que mais vezes viu seu adversário mudar a partida de local por conta da bilheteria: três, contra CSA, na nona rodada, Vasco, na 15ª, e Avaí, na 18ª. Desses duelos, curiosamente todos no Mané Garrincha, em Brasília, apenas um obteve prejuízo na renda líquida, ou seja, despesa maior do que aquilo que foi arrecadado - contra os alagoanos, de R$ 112.486,29. Nos outros dois, apenas lucro para o mandante em questão.
No clássico contra o Cruz-Maltino, por exemplo, a arrecadação ultrapassou os R$ 5 milhões, e o lucro foi de quase R$ 3 milhões. Diante do Avaí até houve um pequeno lucro para os catarinenses, mesmo com os quase R$ 4 milhões de arrecadação com bilheteria.
Ao todo, o Fla e sua torcida foram responsáveis por arrecadar R$ 12.015.780,90, com uma renda líquida de R$ 2.964.721,30 nos três jogos.
Já o Corinthians atuou diante de Vasco e Fluminense na condição de visitante em estados diferentes. Contra o primeiro, na Arena da Amazônia, em Manaus; contra o segundo, no Mané Garrincha. R$ 3.152.330 foram arrecadados nas duas partidas em questão, com um lucro conjunto de R$ 901.917,24.
Juntos, portanto, Fla e Timão foram responsáveis por pouco mais de R$ 15 milhões dos R$ 18 milhões angariados em vendas de mando - mais de 80% do total.
Quem completa a lista é o Palmeiras, que jogou como visitante contra o Botafogo, na sexta rodada, também no Mané Garrincha, em partida que conferiu uma arrecadação de R$ 2.320.830 e um lucro de R$ 1.059.928,21.
Ainda foi levado em consideração no levantamento o jogo Vasco x CSA, pela 13ª rodada, em que os cariocas, mandantes, levaram o duelo para o Kléber Andrade, em Cariacica, por conta de obras em São Januário.
Os vascaínos, aliás, foram os que mais aproveitaram as vendas de mando em 2019, arrencadando pouco mais de R$ 7,5 milhões e lucrando quase R$ 3,5 milhões nas três partidas em que atuou nessas condições.
Veja abaixo, em detalhes, toda a arrecadação e a renda líquida das partidas em que houve venda de mando de campo:
TIME | RODADA | ESTÁDIO | ARRECADAÇÃO | LUCRO/PREJUÍZO |
CSA | 9 | Mané Garrincha (Brasília) | R$ 2.949.665 | R$ - 112.486,29 |
Vasco | 15 | Mané Garrincha (Brasília) | R$ 5.285.443 | R$ 2.735.946,65 |
Avaí | 18 | Mané Garrincha (Brasília) | R$ 3.780.672,90 | R$ 341.260,94 |
Arrecadação total: R$ 12.015.780,90
Lucro total: R$ 2.964.721,30
TIME | RODADA | ESTÁDIO | ARRECADAÇÃO | LUCRO/PREJUÍZO |
Fluminense | 19 | Mané Garrincha (Brasília) | R$ 1.444.560 | R$ 288.180,73 |
Vasco | 3 | Arena da Amazônia (Manaus) | R$ 1.707.770 | R$ 613.736,51 |
Arrecadação total: R$ 3.152.330
Lucro total: R$ 901.917,24
TIME | RODADA | ESTÁDIO | ARRECADAÇÃO | LUCRO/PREJUÍZO |
Botafogo | 6 | Mané Garrincha (Brasília) | R$ 2.320.830 | R$ 1.059.928,21 |
TIME | RODADA | ESTÁDIO | ARRECADAÇÃO | LUCRO/PREJUÍZO |
CSA | 13 | Kléber Andrade (Cariacica) | R$ 535.980 | R$ 112.069,93 |
*Time vendeu o mando de campo por conta de obras em São Januário
O veto às vendas de mando de campo
O veto às vendas de mando de campo foi uma proposta da própria CBF. A votação contava com três possibilidades: o veto total (que foi o vencedor com nove votos), a liberação total (que teve quatro votos) e propostas de liberação intermediária (que teve sete votos).
De acordo com a entidade, a única exceção é para o caso de o estádio em que o jogo está marcado apresentar algum problema técnico.
"Sou favorável (ao veto) porque desequilibra o campeonato", disse o presidente do Santos, José Carlos Peres.
Já o mandatário do Flamengo, Rodolfo Landim, lamentou a decisão e ironizou os clubes que preferiam votar pelo veto.
"Cada clube deveria ter o direito de mandar o seu jogo em qualquer local. Pessoas diziam que o Flamengo poderia ter esse direito, e outros não. Sou contra porque aí seria tutelar. Mas é compreensível, né? Vocês entenderam por quê", comentou.