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Colchão vira campo, cadeira vira equipamento de academia: A rotina das jogadoras brasileiras na Espanha

Jogadoras que atuam na Espanha contam como estão adaptando a rotina na quarentena e sonham com Olimpíadas

Por Tatiana Mantovani

O Brasil lidera a lista de países com mais jogadoras profissionais atuando na primeira divisão do futebol feminino na Espanha. 17 brasileiras defendem sete clubes da Primera Iberdrola e, assim como toda a população espanhola, neste momento elas estão confinadas em suas casas treinando, lidando com a nova situação econômica do país e aguardando para voltar aos gramados.

Jogadoras brasileiras na Espanha. Crédito: Instagram
Jogadoras brasileiras na Espanha. Crédito: Instagram

Há dois anos no UDG Tenerife , das Ilhas Canárias, a goleira Aline Reis, de 30 anos, transformou seu apartamento em uma academia e até em um “gramado”. Com um colchão ela treina defesas e reposição de bola.

“Tem que ter muita criatividade, para falar a verdade. O treino do goleiro envolve muita coisa, não só a queda, o salto, eu consigo trabalhar essas outras faces do jogo. A reposição longa é difícil de trabalhar porque não podemos sair de casa”, explica Aline. Ela também brinca que tem sorte pois o vizinho do andar de baixo é um restaurante que está fechado e assim pode treinar tranquilamente sem incomodar ninguém.

Em Valência, a lateral esquerda Jucinara Paz, que defende o Levante, terceiro colocado na Liga Espanhola, conta que o clube promove treinamentos diários por videoconferência. Morando sozinha, a lateral diz ligar até três vezes ao dia para a família.

“Às vezes eu estou aqui, olhando pro teto, e penso: 'vou ligar para a minha mãe'. O contato é ainda maior e a gente tenta passar o que está acontecendo aqui para o Brasil, para que eles fiquem em casa e não saiam, porque não é brincadeira o que está acontecendo. Eu aqui não saio. Fui uma vez só para o supermercado e com medo, porque é um vírus silencioso”, relata.

A situação da zagueira do Madrid CFF Mônica Hickmann, é um pouco diferente. Se recuperando de uma lesão que a afastou dos gramados em novembro, Mônica tem adaptado a casa para fazer os exercícios e diz estar sentindo uma evolução com o trabalho diário.

“Eu já vejo forma na perna, antes não tinha nem forma, isso me deixa contente porque mesmo sozinha aqui em casa eu estou conseguindo evoluir a parte muscular”.

Ela explica que a cadeira extensora seria o melhor aparelho neste momento, mas como não tem, adapta uma cadeira para realizar os movimentos.

Mônica voltaria a jogar em abril e acredita que está conseguindo manter a evolução da recuperação: “Perder eu não vou perder, vou continuar evoluindo mesmo que pouco dia a dia”. Ela se mantém positiva e, com a ajuda com o seu cachorro e do violão, encara a quarentena como uma oportunidade de ser reinventar.

A zagueira Antonia Silva e a atacante Valéria Cantuario desembarcaram em Madri no dia 2 de janeiro para jogar no Madrid CFF. Vindas do interior do Rio Grande do Norte e da Paraíba respectivamente, as duas dividem apartamento e treinos em casa durante a quarentena. Ainda em processo de adaptação à cidade e ao clube, as duas revelam que sentiram a diferença na intensidade dos treinos no clube espanhol.

Eles são muito intensos o tempo todo, eles estão muito preocupados com tática e técnica. Sentimos muita diferença nisso”.

O caminho das duas, que se tornaram amigas quando jogavam pelo São Paulo, até a capital espanhola não foi fácil, mas elas seguem a rotina de treinos com a esperança de que o futebol possa voltar assim que seja seguro.

Assim como as jovens do Madrid, a ex-jogadora do Flamengo, Ana Carol Dias, também chegou à Espanha no início do ano. Contratada pelo DF Logroño, ela conta que está fazendo treinamentos em grupo por videoconferência, além de treinos individuais, e que a quarentena acaba alterando o processo de entrosamento para as jogadoras que chegaram na última janela: “É ruim porque a gente voltará para o jogo sem estar entrosada. Quando voltar talvez seja uma correria e não estaremos entrosadas”.

Afetadas pela nova realidade econômica

Até o momento, apenas o Levante UD, clube da lateral Jucinara, não apresentou um ERTE (suspensão temporária do emprego) permitido por Lei durante o estado de emergência na Espanha. Todos os demais clubes citados nesta reportagem adotaram a medida. A ferramenta é uma forma dos clubes, assim como outras empresas espanholas, de suspender temporariamente o pagamento total do salário e repassar ao governo o pagamento de 70% da folha do funcionário. O clube paga 30% e garante ao funcionário a permanência no emprego assim que o estado de emergência terminar.

Mais alguns meses para convencer Pia e estar nas Olimpíadas

A goleira Aline esteve em todas as convocações para datas FIFA desde que a nova técnica da seleção brasileira assumiu o time. A jogadora não poupa elogios à técnica Pia Sundhage.

“Cada convocação que eu estive com a Pia eu aprendi algo novo, que agregou em mim como atleta e à nossa seleção como um todo. Com ela não tem tempo perdido, quando somos convocadas sabemos que vamos evoluir em algo”, relata.

Para a goleira, o adiamento das Olimpíadas altera seu planejamento, mas a vontade de estar nos jogos segue sendo a mesma. A lateral Jucinara, que também esteve na última convocação da Seleção, também sente a evolução nos poucos dias que passou com a nova técnica da Seleção.

“Pia é uma pessoa muito inteligente, em 10 dias eu aprendi muita coisa com ela. Agora a gente tem um ano a mais para trabalhar. Essa motivação de querer estar e ter mais tempo para trabalhar para conseguir chegar”.

Para a zagueira Mônica, com a chegada de Pia, tudo se renovou: “Cada uma tem a oportunidade de mostrar seu trabalho e de provar para a Pia que a gente ainda merece estar lá. Eu ainda não tive muitas oportunidades, mas tenho que trabalhar mais para que ela veja que vale a pena eu estar com o grupo. Isso é bom, faz com que a gente trabalhe ainda mais”.

Para ela, o adiamento das Olimpíadas foi a melhor decisão: “Isso tinha que acontecer para que todos tenham igualdade na preparação e oportunidade para estar em alto nível”, reforçou.

Já para Ana Carolina, a vaga na Seleção para as Olimpíadas ficou um pouco mais complicada: “Eu que já não estou sendo convocada, agora só piorou. Eles não vão olhar para outras atletas, vão manter as que estão mais acostumadas”.

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