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Ex-Flu, Alexandre Gama 'cobra' futebol brasileiro: 'Só priorizam nomes, não o trabalho'

Treinador está na Tailândia atualmente e comparou realidade do futebol tailandês com o Brasil

Alexandre Gama no comando do Buriram Utd
Alexandre Gama no comando do Buriram Utd (Divulgação)

Por Gabriel Menezes

Um dos pontos mais criticados em relação ao futebol brasileiro é a falta de paciência que os clubes do país têm com seus técnicos. Alexandre Gama conhece bem os pormenores daqui por já ter trabalhado por anos em equipes brasileiras. No entanto, hoje, o treinador trabalha na Tailândia e não esconde as diferenças dos dois países.

Ex-Fluminense, onde passou muito tempo trabalhando nas categorias de base do clube tricolor, renomadas internacionalmente, Gama tem trabalhado no futebol asiático desde a última década. Hoje, ele comanda o Buriram United e comenta que a saída do Brasil para trabalhar no futebol estrangeiro teve influência de alguns fatores.

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"Quando eu vim trabalhar fora, o que me atraiu mais era a possibilidade de proporcionar às minhas filhas uma vivência em outra cultura. Claro que o fator financeiro ajudava, mas a primeira coisa que pensei foi nisso [nas filhas], porque eu tinha feito um campeonato sub-20 com o Fluminense nos Emirados Árabes e adorei o país. Além disso, via o filho de um colega já falando inglês desde pequeno e um pouco de árabe, e isso me marcou."

Com bastante experiência no futebol de base, Gama pontua que encontrou, na Tailândia, um cenário bastante diferente do que via no Brasil quando chegou ao país asiático pela primeira vez, em 2014. A partir daí, no entanto, as coisas mudaram, como ele explica.

"Eu cheguei aqui em 2014 e tinham um trabalho de base, mas não visualizavam como um futuro, era mais um trabalho social. Hoje em dia não. Já visualizam como o futuro do futebol, há um investimento e perceberam que é um jeito de fazer dinheiro com a venda de jogadores. É um trabalho que investem muito agora, trazendo muitos estrangeiros pra trabalhar, tentando qualificar o trabalho."

A base está caminhando. Estão vendo que pode gerar receita, atrair novos jogadores, e as academias dos clubes em que trabalhei estão bem estruturadas e tendo bastante investimento. Isso é o futuro de qualquer lugar e aqui na Tailândia vai começar a dar frutos já já."

Alexandre Gama já tem duas passagens pelo Buriram (Foto: Divulgação)
Alexandre Gama já tem duas passagens pelo Buriram (Foto: Divulgação)

Falta de projeto, incertezas e contratações por "grife": as críticas de Gama ao futebol brasileiro

Com mais de dez anos de experiência no futebol estrangeiro, Alexandre Gama ainda cogita um retorno ao Brasil, onde treinou times de menor expressão do Rio de Janeiro, fora passagens como treinador do Fluminense, na maioria das vezes como interino. Mas pontua que a mentalidade dos clubes do país pode impedir sua volta.

"Já tive muita vontade de voltar ao Brasil, mas hoje sei que meu mercado é aqui [na Ásia]. E sei que poderia ir muito bem no Brasil, pela experiência que tive. Mas o Brasil não quer alguém pra fazer um trabalho, ele quer um nome. O Brasil busca nomes. Se buscasse alguém que faz um trabalho consistente há muitos anos, com certeza meu nome já estaria forte em clubes do Brasil. Mas sei que não se prioriza o trabalho, só o nome da pessoa. Aí a gente fica com pouca esperança de voltar. Mas tentamos fazer nosso melhor aqui para, quem sabe, quando surgir a oportunidade, retornar e estarmos preparados."

Acho que tenho total condição de trabalhar no Brasil. Tenho todas as licenças, sou um cara atualizado, trabalho há oito anos na Tailândia e são oito anos em que minha pior colocação foi um 5º lugar. Estamos sempre entre os primeiros. E isso também aconteceu na Coréia do Sul, no Qatar, onde fui campeão. Então assim, não é só em um país. Eu tô pronto, só preciso da chance e da oportunidade. Mas como falei: se fosse pelo trabalho, pela regularidade, pela filosofia, eu teria grandes chances. Mas como sei que os clubes no Brasil não focam nisso, às vezes desanima um pouco."

Apelidado de Maicon Bolt, atacante trabalhou com Gama na base do Fluminense e também é treinado pelo técnico na Tailândia (Foto: Getty Images)
Apelidado de Maicon Bolt, atacante trabalhou com Gama na base do Fluminense e também é treinado pelo técnico na Tailândia (Foto: Getty Images)

Além disso, Gama também falou sobre o imediatismo e a busca incessante por resultados dentro do futebol brasileiro e afirmou que a mentalidade tem que mudar para que o nível dos times do país se eleve.

"Tem que mudar. O imediatismo é para curto prazo. Você chega, muda rapidinho, mas depois o trabalho não tem consistência. Em qualquer profissão, principalmente na de treinador, você precisa de tempo para implantar suas ideias e os jogadores entenderem, tem um período de adaptação. Só que o futebol é resultado, principalmente no Brasil. E no Brasil, quando você realmente precisa do resultado e ele não vem, a torcida cobra, os dirigentes mudam de opinião e o trabalho acaba."

Acredito que quando se dá tempo, tem uma melhor chance de dar certo. E a gente torce pra que o Brasil comece a entender isso e passe a ser profissional, tomando as decisões da melhor maneira possível."

Atualmente, o Buriram United, time comandado por Alexandre Gama e que também conta com os brasileiros Digão, Samuel e Maicon, todos ex-jogadores do Fluminense, ocupa a vice-liderança do Campeonato Tailandês.

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