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Uli Hoeness: o fim de uma era

Fátima Lacerda, diretamente de Berlim, exclusivo para o Esporte Interativo

O DNA do FC Bayern é intrínseco ao de Uli Hoeness que presidiu o clube entre 2009 e 2014. Antes de retomar o cargo em 2016, Hoeness cumpriu pena por sonegação de impostos. Quando voltou, os torcedores o perdoaram e foi como se nada tivesse acontecido. O desempenho de Hoeness como empresário e diretor do clube é um roteiro memorável e histórico. Foi o empreendedor proprietário de uma fábrica de salsichas que, quando entrou para o quadro de funcionários, tirou o clube do vermelho e o transformou em uma marca mundial, numa equipe temida e respeitada até mesmo pelo mais ferrenho adversário.

Como jogador, conquistou todos os títulos com os quais se pode sonhar: Em 1972, Campeão Europeu e em 1974, campeão do mundo com a memorável seleção alemã DE LUXE, que tinha Sepp Maier, Beckenbauer, Jupp Heynckes, Paul Breitner, Gerd Müller.

xxx of Bayern fights for the ball with xxx of Paris St. Germain during the UEFA women's champions league quarter finals at Stadion an der Gruenwalder Strassee on March 23, 2017 in Munich, Germany-Not Released (NR)
<br> Uli Hoeness foi dos destaques da Alemanha que bateu a Holanda na Copa do Mundo de 1974.&nbsp;| Getty Images

No final do mês de agosto, Hoeness fez o anúncio que muitos ansiosamente aguardavam: declarou não mais se candidatar para presidente na Assembleia Geral que acontece hoje (15). Muitos torcedores adversários, mas também membros do próprio clube não escondem a satisfação pelo fim de uma era. O sucessor de Hoeness já está sacramentado: será o ex-goleiro e não menos temido, Oliver Kahn.

Hoeness X Kalle

Quem, decerto, está mais aliviado com a saída do atual presidente como atuante e protagonista de tudo o que acontece no clube é seu companheiro de longa data, Karl-Heinz Rummenigge, a quem os torcedores apelidam de Kalle. Nos últimos tempos, a super-dobradinha, o muro bávaro vinha exibindo claros sinais de erosão, como por exemplo, na contratação dos últimos técnicos. Carlo Ancelotti, era o favorito de Kalle, que mantém amizade de muitos anos com o italiano. Já o último técnico, Niko Kovac, foi o favorito de Hoeness. Kalle teria preferido Thomas Tuchel, hoje no PSG e que não aceitou a proposta.

Ao assumir o cargo, depois da "ajuda de emergência" do treinador Cult, Jupp Heynckes, sempre chamado quando a cobra fuma para "apagar o fogo" na rua Säbener Str., sede do clube. E vindo do Eintracht Frankfurt, numa transação que não foi muito transparente, para dizer o mínimo, Niko Kovac tinha o respaldo de Hoeness, mas era somente tolerado por Kalle, que não perdia uma chance de oprimir depois de jogos com resultado negativo. Quando a cabine, digo, os jogadores do FCB começaram a se voltar contra o treinador, os pontos foram sendo deixados pelo caminho e as táticas e técnicas deixaram analistas esportivos consternados enquanto a imprensa questionava as escalações do técnico, que sempre teimava em deixar Thomas Müller no banco de reservas, a corda foi apertando e o clima entre o presidente e o CEO ficava cada vez mais árido, mais rude.

Independentemente do fato, Niko Kovac nunca teve uma chance real de se estabelecer no clube mais prestigioso da Alemanha, no qual o treinador tem que ter nervos de aço, como tinha Guardiola. O abismo entre Kalle e Hoeness chegou num ponto insuportável que fez a não renovação da candidatura, um alívio. Porém, ninguém ciente da personalidade de Hoeness, acredita, de fato, que ele deixará de mexer os pauzinhos, mesmo não mais ocupando um cargo oficial.

As últimas gerações não conhecem o FCB sem a retórica, o discurso polêmico, o barraco e a incontida ambição em tornar o clube um Global Player e para que continue assim, o brasileiro Giovane Elber e o francês Lizarazu, como embaixadores da "Marca FC Bayern" estão sempre em importante missão em viagens pelo mundo afora para promovê-la.

O futebol profissional da última década tem influências diretas na política e na economia e até no âmbito jurídico. Lembra-se que ainda está em andamento o processo que investiga a "compra" da Alemanha (2006) que na época tinha Franz Beckenbauer como organizador do Comitê. O valor do passe de Neymar na transferência do Barca para o PSG ratificou a importância econômica de um Business no qual o céu é o limite.

Assembleia Geral

No final da tarde de sexta-feira (15), todo o país estará voltado para o evento da semana e que marca o fim de uma trajetória memorável, cheia de atropelos, lutas perdidas antes mesmo de iniciarem, mas também de vitórias históricas. O FC Bayern é recordista de títulos da Bundesliga com 29 conquistas. Ocupa o primeiro lugar na tabela de títulos da Copa da Alemanha (DFB Pokal) com 19 vitórias e 23 participações na prestigiosa final em Berlim. O segundo colocado é o Werder Bremen com 6 vitórias.

Os membros do FCB estão convocados a participarem da Assembleia. Hoje, porém, ao invés de DR's sobre Niko Kovac, sua guerra com Thomas Müller e o resultante "problema de cabine" e o questionamento de como ainda é possível jogadores quebrarem um treinador darão lugar aos comentários ácidos, irônicos (mas sempre um uma pitada de verdade) do Patron bávaro, do "Rei da Baviera", "Do Fabricante de Salsichas". Hoeness terá tapete vermelho para a sua despedida oficial. Sua ligação com o clube é e permanecerá eterna, assim como suas participações em programas esportivos. Seu tempo na prisão cumprindo pena e sua denúncia feita pelo telefone e ao vivo para o estúdio do programa esportivo de maior audiência no país sobre o consumo de cocaína de Christoph Daum, ex-treinador do FC Colônia e do Bayer Leverkusen, quando o também polêmico e sem papas na língua estava cotado para ser técnico da Seleção Alemã de Futebol. Depois desse telefonema, o mundo acabou para o, até hoje, arqui-inimigo de Uli Hoeness, mas como ensina um ditado alemão: "Isso é neve de ontem" (São coisas passadas).

Esta sexta-feira o mundo futebolístico se curva frente a um grande empreendedor, um visionário por tornar seu clube um dos tops do futebol mundial.

  • Bayern de Munique
  • Uli Hoeness

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